Correio Braziliense, n. 21345, 24/08/2021. Política, p. 2

Proposta de reunião por pacificação
24/08/2021



Reunidos em Brasília durante o IX Fórum Nacional dos Governadores, 25 representantes dos estados e do DF defenderam a democracia e a união entre os Poderes. Embora tenham repudiado os ataques cada vez mais ferozes do presidente Jair Bolsonaro contra a cúpula do Judiciário, eles decidiram propor uma reunião com os chefes dos Três Poderes, em busca de diálogo para colocar fim ao clima tenso e instável.

“Vamos, a partir de hoje, encaminhar os documentos, as cartas e ofícios para, na próxima semana, incluir a nossa preocupação neste momento de instabilidade política pelo qual passamos”, afirmou o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).

Ele defendeu a harmonia entre os Poderes e disse que o ambiente político do país “não está legal para ninguém”. O governador também espera que Bolsonaro esteja aberto ao diálogo. “Pelo nível que o Brasil chegou, neste momento, das disputas institucionais, acredito que ele tenha essa atenção para com os governadores”, ressaltou.

Na avaliação do governador do Piauí, Wellington Dias (PT), a briga entre os Poderes é prejudicial ao país, pois afasta investimentos. “Estamos aqui solicitando uma agenda com o presidente da República em que o objetivo é demonstrar a importância para o Brasil de um ambiente de paz e serenidade. (Queremos) Criar um ambiente de confiança, que permita a atração de investimentos, geração de emprego e renda”, destacou.

Na última sexta-feira, Bolsonaro protocolou um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). É a primeira vez na história que um presidente pede a retirada de um ministro da Corte.

Bolsonaro tomou a iniciativa em reação à prisão do ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, seu aliado. Ele foi preso por ordem de Alexandre de Moraes, dentro do inquérito do STF sobre a atuação de milícias digitais. Além disso, o presidente não digeriu o fato de ter sido incluído, pelo magistrado, no inquérito das fake news.