Título: Investimento impulsiona o PIB
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 01/04/2005, Economia & Negócios, p. A19
Recursos chegam ao mais alto patamar dos últimos sete anos. Soma de todas as riquezas do país atinge R$ 1,76 trilhão
O país atingiu em 2004 a melhor taxa de investimento em máquinas, equipamentos e construção civil dos últimos sete anos. No indicador em que é quantificado (a formação bruta de capital fixo), os gastos atingiram R$ 346,2 bilhões no ano, ou 19,6% do Produto Interno Bruto. A soma de todas as riquezas produzidas no país chegaram a R$ 1,76 trilhão no ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A recuperação do investimento vem na ressaca de 2003, quando o indicador foi de 17,3% do PIB, no menor nível dos últimos 15 anos. Grosso modo, são esses recursos os formadores da base para a expansão da atividade econômica nos próximos anos. O avanço percentual real dos investimentos (acima da inflação) foi de 10,9%, o dobro dos 5,2% de aceleração de toda a economia no ano passado.
- O dado mostra a recuperação da capacidade de investimento da economia. Um país que investe mais, cresce mais no futuro - diz o economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A formação bruta de capital fixo cresceu em detrimento do consumo das famílias e do governo. Embora responda por mais da metade do PIB - 55,3% -, o consumo familiar já correspondeu a dois terços da soma das riquezas do país em 1999. Seu avanço foi de apenas 4,3% em 2004 - fechando em R$ 978 bilhões -, enquanto o consumo do governo - que fechou em R$ 332 bilhões - avançou 0,7% em termos reais.
- O recuo nos outros itens que compõem o PIB é normal. Para que cresça a taxa de investimento, é necessária a formação de uma poupança, e isso quer dizer que alguém precisa gastar menos - analisa Levy.
Para o economista Alex Agostini, da Consultoria GRC Visão a variação do consumo, no entanto, é um sinal negativo.
- É conseqüência da política monetária destinada a coibir o crescimento do consumo - avalia. - O crescimento está baseado também nas exportações (que avançaram 18% em termos reais, de acordo com o IBGE) mas, quando houver uma crise externa, poderá haver conseqüências para a economia.
Para alguns analistas, a taxa de investimento, ainda assim, é baixa.
- Países como China e Índia, têm essa taxa em 25%. É preciso elevarmos os investimentos em infra-estrutura para não frear o crescimento adiante.