Título: Brasil é a 12ª economia mundial
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 01/04/2005, Economia & Negócios, p. A21

Crescimento em 2004 faz país subir três posições no ranking, aponta estudo da consultoria GRC Visão

O crescimento de 5,2% do Produto Interno Bruto brasileiro, o melhor desde o Plano Real, levando-o à cifra de R$ 1,769 trilhão, será capaz de elevar a posição do país no ranking das economias mundiais, acreditam especialistas. A consultoria GRC Visão realizou um cálculo preliminar com os dados disponíveis no Fundo Monetário Internacional sobre os países e concluiu que o Brasil avançará 3 posições em relação a 2003, posicionando-se como a 12ª economia mundial em 2004.

O ranking foi elaborado com a conversão do PIB em dólar, a uma cotação média de R$ 2,925, chegando-se a US$ 605 bilhões. Assim, o Brasil superou Coréia, Índia e Holanda. O primeiro lugar cabe à economia americana, com US$ 11,7 trilhões. Em seguida, vêm Japão, com US$ 4,78 trilhões, e Alemanha, com US$ 2,73 trilhões.

Em 1998, o Brasil se posicionou como a 8ª economia do mundo. Nos anos seguintes, caiu diversas posições até o 15º lugar em 2003. O cálculo do PIB per capita - divisão do PIB pelo número de habitantes -, porém, ainda é bem desfavorável: o Brasil se coloca na 39ª posição, com US$ 8,54 mil por habitante, atrás da Argentina, que vem com US$ 12,9 mil.

- Acredito que o país se posicionaria ainda melhor se o Comitê de Política Monetária não tivesse demorado tanto a reduzir a taxa de juros em 2003, quando chegou a atingir o patamar de 26,5% ao ano - avalia Alex Agostini, da GRC.

O economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) alerta, porém, que a melhora pode ser aparente.

- Devemos levar em consideração que a cotação do dólar esteve abaixo da verificada em 2003, quando atingiu o preço médio de R$ 3,08. Só isso é suficiente para elevar, em dólar, o PIB brasileiro, o que pode gerar uma distorção da informação. Acredito que o país tenha subido alguma posição, mas não sei se atingiu mesmo o 12º lugar.

A cotação do dólar também fez diferença na formação das reservas internacionais do país, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A moeda em baixa estimulou governo e empresas a amortizar e quitar suas dívidas externas, o que reduziu a velocidade de formação dessas reservas em 2004, em relação a 2003. Assim, o incremento nas reservas do país foi de R$ 5,6 bilhões, contra R$ 26,7 bilhões no ano anterior.

- O estímulo do câmbio baixo à quitação de débitos pode ser medido pela taxa de rolagem de dívida externa que passou de 115% do estoque da dívida em 2003 para 65% em 2004 - explica a economista Adriana Beringuy, do IBGE.

Outro fator que reduziu o avanço no estoque das reservas (que fecharam 2004 em R$ 153,4 bilhões, segundo o BC) foi o fato de não terem entrado recursos Fundo Monetário Internacional (FMI).

As reservas internacionais resultam da capacidade de financiamento do país somada às captações externas, excluído o total de aplicações no exterior. Por sua vez, a capacidade de financiamento, que fechou em R$ 35,6 bilhões, é o que sobra da poupança bruta menos a formação bruta de capital e as transferências de capital recebidas e enviadas pelo mundo. Essa poupança chegou a 23,2% do PIB, contra 20,4% em 2003, atingindo, assim, o melhor resultado desde 1991. A capacidade de financiamento fechou positiva pelo segundo ano, após nove anos negativa.

Segundo o IBGE, o aumento de R$ 26,4 bi no saldo externo de bens e serviços foi a principal explicação para a alta da capacidade de financiamento. E as exportações, com avanço de 16,4% para 18% na representação do PIB, fechando em R$ 318 bilhões, foram a maior influência. As importações avançaram de 12,8% para 13,3% do PIB, fechando a R$ 235 bilhões.