Correio Braziliense, n. 20606, 23/10/2019. Política, p. 3

Frente quer barrar reforma administrativa

Gabriel Pinheiro


A Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, que tem o apoio de sindicatos, associações, federações e centrais sindicais, promete barrar, no Congresso, a reforma administrativa em estudo no governo. Integrante da frente, o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF), afirmou que o movimento, relançado nesta semana, conta com 235 deputados e sete senadores.

“O governo tem uma visão clara sobre o que deve ser o Estado. Por meio da frente, cumprimos o papel de colocar um novo ponto de vista em discussão, vamos disputar a opinião pública. Estamos numa guerra de narrativas e com visões de mundo diferentes”, disse o deputado em entrevista ao programa CB.Poder, uma parceria entre o Correio e TV Brasília.

O parlamentar sustentou que há uma demonização infundada e uma generalização no que diz respeito à qualidade e à eficácia do servidor público no Brasil. “É claro que queremos corrigir distorções, nós não somos cegos às mazelas dos serviços públicos brasileiros”, ponderou.

Professor Israel afirmou que a estabilidade no emprego — que o projeto do governo pretende flexibilizar, no caso de novos servidores — “é uma conquista da democracia brasileira, que permite ao servidor resistir a pressões político-partidárias que ocorrem a cada mudança de governo”.

Na entrevista, o deputado frisou que o serviço público não pode ser comparador com a administração privada, pois há uma dificuldade para individualizar o cálculo de produtividade. “O bem produzido pelo serviço público não pode ser mensurado em recursos, em dinheiro”, disse.

Um estudo do Banco Mundial mostra que, em média, os servidores federais ganham 96% a mais que os trabalhadores da iniciativa privada para exercer funções semelhantes. Professor Israel disse acreditar que o relatório tenha sido produzido com consultorias privadas estrangeiras, que estão apoiando o governo na elaboração da reforma administrativa.

“Eles têm, geralmente, interesses na diminuição do tamanho do Estado, e essa não é a nossa visão de mundo. Nós entendemos que os ciclos de desenvolvimento econômicos vividos pelos brasileiros estão atrelados ao fortalecimento do Estado”, afirmou.

*Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo