Título: KPMG rastreia Banco Santos
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 03/02/2005, Economia Negócios, p. A20

Para auditoria, empresa localizada em paraíso fiscal dará pistas de negócios desconhecidos

A KPMG espera que sua nomeação como liquidante da Alsace Lorraine Investments permita desvendar o emaranhado de ativos ainda não mapeados ligados ao Banco Santos que a auditoria acredita existir. Sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, a empresa vem sendo apontada como um braço off-shore do Banco Santos, que se encontra em processo de intervenção desde 12 de novembro de 2004. A nomeação, comunicada oficialmente ontem pela Justiça do paraíso fiscal, decorreu de um pedido feito pela KPMG, que representa 150 credores de R$ 500 milhões do banco.

- Como representantes dos credores, temos imensa dificuldade de identificar esses ativos, o que dificulta até mesmo na negociação com o banco - explica Eduardo Farhat, diretor da área de reestruturação de empresas, que representa os credores. - É pouco, mas consideramos uma vitória.

Segundo Farhat, na condição de liquidante, a KPMG terá acesso a todas as informações referentes à Alsace-Lorraine, inclusive sobre seus sócios, negócios e ativos.

- Estamos em busca dos demais credores dessa empresa, para que eles também nos prestem informações - afirma.

Farhat comentou, ainda, que enviará esta semana um ofício ao Banco Central, informando que o grupo de credores tem interesse em manter uma negociação para o caso ''de forma que minimize suas perdas''. Há duas semanas, eles rejeitaram uma proposta apresentada pela Valora, contratada por Edemar Cid Ferreira para negociar uma saída para o banco. A empresa havia proposto que o Banco Santos entrasse no Regime de Administração Especial Temporária (Raet), passando a ser administrada pelo Banco Central.

- Estamos dispostos a evitar a liquidação do banco, mas queremos que as perdas para os credores sejam mínimas - explicou.

O diretor da KPMG informou que a empresa está verificando a existência de outros casos semelhantes ao da Alsace-Lorraine no mundo para agir de forma igual.

- Essa é uma maneira de compreendermos a estrutura que liga todas as empresas ao banco, já que não há essa informação disponível em nenhuma instituição.