Título: Bloco dos 14 escanteia o PMDB
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 03/02/2005, Brasília, p. D3

A recomposição da Frente Democrática poderá deixar sem espaço na Câmara o partido do governador Joaquim Roriz

O rolo compressor da Câmara Legislativa pode mudar de lado. Apesar de ser a maior bancada na Casa, com dez membros, o PMDB corre o risco de ficar encurralado na divisão das comissões permanentes. Recomposta e fortalecida com um 14º integrante, a Frente Democrática acertou ontem a continuidade do bloco e, com isso, assegurou maioria em oito das nove comissões. Na soberania construída por PT, PFL, PP e PPS, o partido do governo pode ficar de fora das mais importantes e desejadas: Constituição e Justiça (CCJ) e Economia, Orçamento e Finanças (Ceof). A decisão sobre a manutenção do ''blocão'', e a não subdivisões em até três blocos, foi uma resposta à manobra do PMDB que filiou ontem às pressas os distritais Jorge Cauhy (ex-PFL) e João de Deus (ex-PP), em lugar de Leonardo Prudente, José Edmar e Wilson Lima. A Frente garante, entretanto, que não vai sobrepor forças. A deputada Arlete Sampaio (PT), líder do grupo, afirma que os pleitos de todos serão ouvidos hoje, em uma reunião agendada com os peemedebistas.

- Não queremos fazer com eles o que fizeram com o PT em 2003 - lembra Arlete, quando a oposição, minoria na Casa, perdeu todas as presidências por falta de acordo. A recomposição foi feita posteriormente.

Mas os aliados têm pleitos bem definidos. Não pretendem abrir mão do nome de Júnior Brunelli (PP), para a CCJ. O deputado Peniel Pacheco (sem partido) ressalta que este foi um ''compromisso da Mesa'' para celebrar o acordo com o colega e garantir a eleição do grupo em dezembro, tirando de cena o PMDB. A Ceof também deve ficar sob presidência da Frente, pois Leonardo Prudente, o último a aderir ao bloco, considerou sua não-indicação à presidência da comissão a gota d'água para deixar sua antiga legenda.

- Parece que o PMDB não tem problemas com o nome de Prudente. Mas ainda vamos discutir com eles - diz Eliana Pedrosa (PFL).

Os peemedebistas estão de olho em quatro comissões, dentre elas a CCJ, a Ceof e a de Ética. Para o líder Pedro Passos (PMDB), se a Frente passar por cima dos colegas, vai dar prosseguimento a uma ''guerra sem fim'' que, como ele admite, foi travada nos dois últimos anos.

- Além de um acordo amplo, para as presidências, podemos fazer acordos simples de acomodações dentro das comissões - disse Passos.

A expectativa é de que os seis membros da bancada governista do bloco coloquem na balança o compromisso de apoio ao governador Joaquim Roriz, e a maior proximidade ideológica com o PMDB que com o PT.

Por conta das negociações, a sessão ontem na Câmara foi rapidamente encerrada pelo presidente Fábio Barcellos (PFL). Está marcada para a tarde de hoje uma reunião de líderes para discutir a pauta do mês e as votações de projetos de urgência e vetos do governador.