Título: Caçada aos libertadores de menores do Caje
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 03/02/2005, Brasília, p. D5

Para a polícia, a prisão dos criminosos virou uma questão de honra

A polícia divulgou, ontem, os nomes e as fotos dos acusados de terem planejado e resgatado o grupo de internos do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), no domingo à noite. Cristiano Mota Justino, 20 anos, e Felipe Barros Vieira, de 19 anos, são ex-internos do Caje e, junto com a dupla de internos que resgataram, segundo o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia, estão envolvidos num assalto ocorrido no Gama, sábado à noite, onde uma família inteira foi feita como refém. Além de Cristiano e Felipe, outras pessoas estão sendo investigadas, suspeitas de terem ajudado a resgatar a dupla de internos, quando eram transportados do Juizado Especial Criminal (JEC) para o Caje. Segundo Antônio Coelho, a prisão da quadrilha está mobilizando todas as delegacias do DF.

- A polícia toda está atrás deles. É uma questão honra - disse o delegado.

Apesar do empenho, até agora, ninguém foi preso. Nem o grupo que resgatou e nem os jovens que fugiram. A caçada está concentrada, principalmente, na cidade de Santa Maria, local onde os criminosos moram.

De acordo com Antônio Coelho, Cristiano e Felipe têm várias passagens pela polícia. Felipe, por exemplo, foi preso uma vez por roubo, depois de adulto, e oito vezes quando ainda era menor de 18 anos.

Na opinião de Coelho, mais perigoso que Cristiano e Felipe é o rapaz de 16 anos que eles resgataram. O jovem já foi preso 11 vezes. Consta em sua ficha dois homicídio, uma tentativa de homicídio e oito roubos à mão armada.

- Minha opinião, como cidadão, é que não são menores, e sim marginais perigosíssimos. A escolta deles tem que ser feita por homens armados - disse Antônio Coelho.

O resgate dos internos ocorreu na W3 Norte. O motorista e os dois monitores responsáveis pelo transporte dos adolescentes, por estarem desarmados, não esboçaram qualquer resistência, uma vez que todos bandidos portavam revólveres e pistolas. O episódio provocou mudanças no sistema de transporte dos internos. Antes de domingo, a polícia só acompanhava as operações de transporte de jovens do Caje quando envolvia mais de 20 pessoas. Agora, de acordo com a diretora do Caje, Iolete Macedo, policiais auxiliaram na escolta de internos sempre que solicitados.

- Vai ser bem mais freqüente - disse Iolete.