Título: Amorim recebe sinal sobre refém
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Fonte: Jornal do Brasil, 31/03/2005, Internacional, p. A11

Ministro mostra carteira de mergulho de engenheiro brasileiro seqüestrado pela guerrilha sunita

BRASÍLIA - O Ministério das Relações Exteriores informou que um documento do engenheiro João José Vasconcellos Júnior, 50, desaparecido no Iraque desde 19 de janeiro, chegou às mãos de diplomatas brasileiros. Alegando motivos de segurança, o governo não disse quando nem de que forma a identificação, uma carteira de mergulhador, foi obtida.

Para o ministro Celso Amorim, trata-se do primeiro resultado concreto dos contatos feitos pelos enviados do Itamaraty e por representantes da construtora Odebrecht, para a qual o engenheiro trabalhava.

Pouco depois de cair em poder da guerrilha sunita, o Exército Islâmico do Iraque divulgou imagens dos documentos apreendidos com o refém brasileiro. Além da carteira de motorista e de alguns outros objetos, o vídeo difundido nas TVs árabes fixou-se por um bom tempo na carteira de Vasconcellos Jr..

- Peço que vocês compreendam que eu não detalhe como isso chegou a nós porque tudo isso tem influência na seqüência do caso. Nosso objetivo é ter êxito nessa busca de trazer de volta o nosso cidadão - disse Amorim.

Segundo o ministro, a obtenção da carteira, a primeira indicação de um contato real entre os negociadores e os seqüestradores, não pode ser interpretada como um indício de que Vasconcellos Jr. esteja morto.

- Não é um indicador nem em um sentido nem em outro. Continuamos tendo esperança e a receber indícios de que poderia estar vivo. E estamos trabalhando com isso - afirmou.

O ministro não especificou se o documento foi enviado aos brasileiros pelos diplomatas da Jordânia. O embaixador extraordinário para a região, Affonso Celso Ouro Preto, e o ministro Paulo Joppert, encarregado do núcleo de assuntos iraquianos na embaixada brasileira em Amã, são os responsáveis pelas negociações.

Joppert e o embaixador do Brasil na Tunísia, Sérgio Telles Ribeiro, que ainda estão na região, estiveram em Bagdá nas últimas semanas. Amorim disse que, na capital iraquiana, os dois fizeram contatos ''bastante perigosos, nos quais nem sequer a segurança quis acompanhá-los''. Não disse, no entanto, se a obtenção do documento teve relação com a passagem deles pela cidade.

Vasconcellos Jr. trabalhava na construção de uma usina termelétrica. Ele desapareceu após o ataque ao carro no qual viajava, perto de Beiji (180 km de Bagdá). No Rio, o irmão do engenheiro, Luiz Henrique de Vasconcellos, não quis se manifestar sobre o caso. Afirmou que pode conversar com a imprensa hoje, se dispuser de mais informações. Segundo Isabel, irmã de João, o engenheiro levava esse documento dentro da carteira

Em Bagdá, jornalista romena feita refém com dois colegas e um empresário americano-iraquiano negou qualquer pedido de resgate por parte do grupo que a seqüestrou, em gravação exibida pela rede Al Jazira.

- Ouvi falar no pedido em troca de nossa libertação, mas não é verdade - declarou Marie Jeanne Ion, jornalista do canal romeno Prima TV, desaparecida desde a segunda-feira. A gravação também foi divulgada por todas as TVs romenas.

O vídeo mostra dois homens encapuzados apontando suas armas na direção dos quatro reféns, sentados no chão. Os três jornalistas estavam no país havia cinco dias para entrevistar o primeiro-ministro Iyad Allawi, e o presidente Ghazi al Yawar,.

com Folhapress