Correio Braziliense, n. 21350, 29/08/2021. Política, p. 2

DF reforça efetivo; SP impedirá PMs nos atos
29/08/2021



No próximo Sete de Setembro, são esperadas duas grandes manifestações pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, uma em Brasília e outra em São Paulo — ambas, aliás, terão com a presença dele. No Distrito Federal, o governo estima colocar na Esplanada dos Ministérios aproximadamente 5 mil policiais, conforme pedido feito pelo Congresso, que teme uma ação descontrolada dos manifestantes.

Mas, segundo fontes ouvidas pelo Correio, a segurança nas proximidades da Praça dos Três Poderes está reforçada desde o início do embate de Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o governador Ibaneis Rocha, "a cidade estará pronta para cuidar para que tudo corra dentro da paz". Temendo tumultos, o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) cobrou explicações da Polícia Militar do DF sobre os planos para o Sete de Setembro.

Em São Paulo, a Corregedoria da Polícia Militar montou uma operação para impedir a presença ilegal de policiais militares na Avenida Paulista durante a manifestação bolsonarista. A direção da PM determinou que todo o efetivo seja empregado na ação, que contará com os policiais que deveriam estar de folga e com os da área administrativa para "reforçar o patrulhamento disciplinar".

A decisão de fazer uma operação para impedir a presença de policiais fardados ou armados e integrantes da ativa da corporação nos atos foi informada anteontem ao Ministério Público estadual. Os promotores Marcel Del Bianco Cestaro e Giovana Ortolano Guerreiro, que atuam no Tribunal de Justiça Militar, pediram à corregedoria que informasse se estava fazendo "apurações de inteligência para detectar a participação de policiais militares da ativa nos atos convocados".

A presença de PMs nos atos bolsonaristas foi defendida por deputados alinhados ao presidente, como Coronel Tadeu (PSL) e Major Mecca (PSL), ambos oficiais da reserva da PM paulista. Em grupos de WhatsApp, foram compartilhadas mensagens sobre a vinda de quase uma centena de ônibus e vans a capital.

No entendimento dos promotores e do procurador de Justiça Pedro Falabella, que atua no Tribunal de Justiça Militar, a presença dos policiais no ato é ilegal. De acordo com a análise deles, os parágrafos 3º e 4º do artigo 8º do Regulamento Disciplinar da PM paulista proíbem.

"É proibido a militares da ativa a participação em manifestações políticas, bem como opinar sobre assunto político e externar pensamento e conceito ideológico", afirma Falabella.