Título: Interventor sofre ameaça de morte
Autor: Florença Mazza
Fonte: Jornal do Brasil, 31/03/2005, Rio, p. A20

O coordenador da intervenção do Ministério da Saúde no Rio, Sérgio Côrtes, voltou a ser ameaçado de morte. Ontem de manhã, uma carta anônima foi deixada em seu consultório particular na Zona Sul, com detalhes de sua rotina e a do consultor jurídico do ministério, Adilson Bezerra. Os dois lideram investigações de corrupção no Instituto de Traumato-Ortopedia (Into) e no Hospital Geral de Bonsucesso (HGB) desde o fim de 2002. Esta foi a 17ª ameaça recebida pela dupla. - Como pessoa fico assustado, mas como servidor público fico mais estimulado a apurar as denúncias de corrupção - declarou Adilson.

Ele acredita que as ameaças partem de um mesmo grupo, que tem os interesses contrariados desde o início das investigações. Côrtes assumiu a direção do Into em setembro de 2002 e denunciou contratos de compras ilícitos e um desvio de verbas de cerca de R$ 2,5 milhões. Segundo Adilson, oito pessoas foram demitidas do Into. No HGB, cujas denúncias começaram a ser apuradas em setembro, os processos ainda estão em curso.

O que preocupa o consultor jurídico do ministério é o requinte de detalhes das ameaças, que trazem informações da rotina de Adilson. Em um trecho, os autores dizem ''que estão na sua cola mais do que nunca''. Também afirmam que se o ministro Humberto Costa não demitir Sérgio Côrtes até sexta-feira, eles vão ''dar uma volta no seu bairro e encher você (Sérgio) de prego''.

A carta foi entregue à Polícia Federa (PF). O Ministério da Saúde também vai notificar o ministro da Justiça das ameaças sofridas por Côrtes e Adilson Bezerra. Desde agosto do ano passado, Côrtes é escoltado por policiais federais 24 horas por dia. Mas a segurança não impediu que seu carro fosse atingido por um disparo na Ponte Rio-Niterói, em outubro. Adilson afirmou que não vai requisitar escolta da PF e que não mudará sua rotina em função da ameaça.