Correio Braziliense, n. 21352, 31/08/2021. Política, p. 2

Bolsonaro critica decisões de STF e TSE
31/08/2021



O presidente Jair Bolsonaro defendeu, ontem, as manifestações organizadas por apoiadores para o 7 de Setembro e disse que os participantes vão protestar contra decisões judicais que, segundo ele, violam a liberdade de expressão. O chefe do governo também voltou a criticar as prisões de aliados, decretadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Bolsonaro falou sobre os atos do próximo feriado durante entrevista à Rede Fonte de Comunicação, de Goiás. "Nessa (manifestação), agora, a grande pauta vai ser a liberdade de expressão. Não pode uma pessoa do Supremo Tribunal Federal (STF) e uma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se arvorarem, agora, como as donas do mundo e que tudo decidem no tocante a esse campo da liberdade de expressão", disse o presidente, numa referência a Moraes e a Luís Roberto Barroso, presidente do TSE.
Ele criticou as prisões do blogueiro Oswaldo Eustáquio, do deputado Daniel Silveira e do ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. Eles foram detidos por ofensas e ameaças aos membros do Supremo. "A liberdade de expressão é a alma da nossa democracia", frisou.

Embora organizadores dos atos do 7 de Setembro estejam sendo investigados pela Polícia Federal por ameaçarem "invadir e quebrar o STF", Bolsonaro sustentou que os apoiadores são pacíficos. "É mais uma manifestação espontânea por parte da população. Eles vão com as cores da bandeira do Brasil e estão questionando, estão colocando para fora os seus sentimentos. Isso é salutar, é previsto na Constituição", destacou. "E essas pessoas são pacíficas, ordeiras, trabalhadores, trabalhadoras."

Voto impresso

Bolsonaro disse, ainda, que a defesa do voto impresso nas eleições será outra bandeira importante dos atos marcados para o Dia da Independência. Os questionamentos do presidente sobre a segurança da urna eletrônica estão no centro da crise entre o Executivo e o Judiciário. Depois de dizer, reiteradamente, que não haverá eleições em 2022 sem o voto impresso, o chefe do Planalto se tornou alvo de inquéritos no STF e no TSE.

"Muitos vão falar também (nas manifestações) do voto impresso, do voto auditável, uma contagem pública. Estão pedindo muita coisa? Não estão pedindo nada além do normal, nada além daquilo que os próprios Poderes da República deviam atender essas pessoas", afirmou o chefe do governo.

Ele criticou o Supremo também pelo julgamento sobre a aplicação do marco temporal para efeito de demarcação de terras indígenas. "O Supremo, agora, caso aprove o novo marco temporal, está mudando a Constituição, sendo que isso não é atribuição deles. Agora, qual o reflexo para o Brasil todo e, em especial, para os estados do Centro-Oeste? Novas reservas (indígenas) poderão surgir", acrescentou.