Correio Braziliense, n. 20597, 14/10/2019. Política, p. 2

Foco na discussão da previdência

Jorge Vasconcellos


Após dedicar uma boa parte do domingo à divulgação de ações do governo e a ataques ao PT, em uma série de mais de 20 tuítes, o presidente Jair Bolsonaro tem pela frente uma semana decisiva para a reforma da Previdência, que passará pelas duas últimas sessões de discussão no Senado amanhã e na quarta-feira. O governo acredita na aprovação da matéria, o que estava condicionado ao acordo que foi fechado pelo Ministério da Economia com o Congresso sobre a partilha, entre estados e municípios, de parte dos R$ 106,56 bilhões que devem ser arrecadados com o megaleilão do petróleo do pré-sal, marcado para 6 de novembro.

A reforma da Previdência é um dos temas da pauta da reunião que Bolsonaro terá hoje com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a partir de 14h30, no Palácio do Planalto. Se o calendário de discussão da PEC 6/2019 for cumprido no Senado, ela poderá ser votada no plenário já na quarta-feira. O presidente também se reunirá hoje com os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Educação, Abraham Weintraub, além do presidente dos Correios, Floriano Peixoto Vieira Neto.

Ontem, Bolsonaro desferiu ataques ao PT em meio a uma avalanche de tuítes que divulgaram ações do governo em áreas como segurança pública, economia, agricultura, infraestrutura e educação. “Maioria das capitais vive retomada do emprego formal. 14 tiveram saldo positivo com carteira assinada nos 8 primeiros meses do ano. São Paulo lidera o ranking, com 58.889 novos postos de trabalho. A herança monstruosa deixada pelo PT tem que ser revertida!”, escreveu o presidente.

“Dinheiro retornado da corrupção histórica do PT: mais uma fase em andamento. O @mdregional_br anunciou esta semana mais investimentos na transposição do rio São Francisco para que a água chegue à região metropolitana de Fortaleza, beneficiando quase 4,5 milhões de habitantes”, continuou Bolsonaro, ao se referir a uma obra que foi impulsionada durante os governos petistas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.                                                                                               

Óleo nas praias

Nenhuma das postagens do presidente tratou do derramamento de um gigantesco volume de óleo no litoral dos nove estados do Nordeste, a mais nova tragédia ambiental do país. No sábado, o juiz Fábio Cordeiro de Lima, da 1ª Vara da Justiça Federal de Sergipe, deu prazo de 48 horas para a União e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) instalarem barreiras para evitar que os rios do estado sejam atingidos. No despacho, o magistrado fixou em R$ 100 mil o valor da multa para o caso de descumprimento.

Outro assunto importante na semana do presidente é a possível saída dele do PSL, em meio à crise com a cúpula do partido, após o andamento dos inquéritos que investigam o envolvimento da legenda com candidaturas fantasmas em Pernambuco e Minas Gerais. No sábado, Bolsonaro voltou a cobrar transparência e a defender a abertura do que chamou de “caixa-preta” do partido. Ele também disse que há a possibilidade de deixar a sigla.