Correio Braziliense, n.20741, 06/03/2020. Política. p.2

Até 2022, contas no vermelho


Não será neste mandato do presidente Jair Bolsonaro que o Brasil vai sair do vermelho. Quem admitiu isso foi o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, ontem, no debate promovido pelo Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração (Consad) em Brasília. “Nós estamos falando de um país que, mesmo fazendo o dever de casa, ainda vai terminar este governo com as contas no vermelho, com deficit primário. A gente está falando de um país que não vai conseguir recuperar a capacidade de aumentar o investimento público, dada a discricionalidade atual, até 2022.”

Mansueto ressaltou que, mesmo com o ajuste fiscal em curso, o Brasil ainda está com o quadro muito apertado, por conta do aumento de despesas obrigatórias, como as com pessoal e as previdenciárias. As previdenciárias, por sinal, ainda vão crescer R$ 51 bilhões neste ano, segundo ele, já que a reforma da Previdência tem um efeito de longo prazo.

De acordo com Mansueto, o governo pode ter que fazer um novo contingenciamento, mesmo após a aprovação do Orçamento Impositivo. “Os desafios são enormes no governo federal. Mesmo com o Orçamento Impositivo, se não houver arrecadação da forma como foi aprovada na Lei Orçamentária Anual (LOA), o governo terá de fazer um contingenciamento para cumprir com as metas fiscais, com a meta primária”, alertou.

Ele se disse apreensivo com a desaceleração mundial da economia. “Eu durmo preocupado porque não sei o que vai acontecer com o crescimento do mundo. A gente sabe o que é a China crescendo 6%, 7% ao ano. Não sabe o que vai acontecer com a China crescendo 3% ao ano. Não sabe o que vai acontecer com o mundo num cenário de crescimento baixo e com o Brasil ainda em fase de recuperação. Isso assusta e tem impacto no Brasil”, ressaltou. (MB)