Título: O entrave do capital
Autor: Luciana Collet
Fonte: Jornal do Brasil, 31/03/2005, Economia & Negócios, p. A28
Outra preocupação dos agentes em relação ao leilão de novos empreendimentos é a necessidade de financiamentos. Estima-se que seja necessária uma expansão anual de aproximadamente 3 mil MW, o que representa investimentos de cerca de R$ 5 bilhões ao ano. Embora o BNDES já tenha declarado estar estruturando uma linha de financiamento para as novas usinas, representantes temem que os recursos a serem disponibilizados pelo banco não sejam suficientes.
O presidente da Câmara Brasileira de Investidores, Claudio Sales, afirma que o governo aposta no financiamento natural do leilão, baseado no formato das disputas das linhas de transmissão. Segundo ele, isso não daria certo, entre outros motivos porque os riscos são mais altos e os prazos de operação mais longos em projetos de geração. Para ele, a alternativa é a estruturação de um modelo de project finance - em que se define o objetivo e como deve se feito o financiamento.
Além dessa alternativa, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Base (Abdib) sugere o estabelecimento de mecanismos que atraiam a atenção de recursos hoje investidos em fundos, como por exemplo a isenção do imposto de renda em fundos que capitalizem projetos de infra-estrutura.
- Existem cerca de R$ 800 milhões aplicados em fundos de renda fixa, mas enquanto a Selic se mantiver alta, não há como atrair esses recursos para projetos de infra-estrutura, que têm rentabilidade de longo prazo. A competição é desigual - afirmou.