Título: Investimento à vista nas estatais
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 31/03/2005, Economia & Negócios, p. A28
Dilma: sem FMI, recursos de empresas crescerão
A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse esperar que a não renovação do acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI) possa resultar na liberação de novos recursos para investimentos das estatais federais. Embora tenha feito questão de dizer que emitia uma opinião ''em teoria'', a ministra lembrou que as estatais terão papel de importância na expansão do sistema interligado nacional. Por enquanto, porém, a realidade ainda é outra. Pelo segundo ano consecutivo, a Eletrobrás deverá investir menos do que o previsto originalmente pelo orçamento anual da companhia.
O presidente da estatal, Silas Rondeau, justificou que, embora o orçamento preveja R$ 4,5 bilhões para 2005, a empresa deverá desembolsar ''pouco menos do que no ano passado'', quando o montante total de investimentos chegou a R$ 3,9 bilhões. O executivo, que preferiu recorrer ao termo ''readequação orçamentária'', atribuiu o não cumprimento da programação de desembolsos a problemas como licenciamento ambiental e atraso de obras por firmas contratadas. Nada a ver, portanto, com restrição fiscal.
Rondeau participou ontem da inauguração da linha de transmissão Ouro Preto 2 - Vitória, no Espírito Santo, que também contou com a participação de Dilma, do governador Paulo Hartung, e do presidente de Furnas Centrais Elétricas, José Pedro Rodrigues de Oliveira. Na ocasião, Rondeau minimizou o impacto do provisionamento de R$ 600 milhões no último balanço da estatal.
Segundo ele, da mesma forma que em outros anos, quando também precisou recorrer a tal artifício, a empresa poderá ''desprovisionar'' o balanço ainda este ano e obter impacto contábil positivo de R$ 600 milhões em 2006. Com relação à redução do orçamento deste ano, o executivo justificou a medida como uma forma de abrir ''uma janela de R$ 200 (milhões) a R$ 300 milhões'' para participar dos futuros leilões de energia nova, previstos para este ano.
Em relação a Furnas, esta semana a estatal obteve duas das três licenças ambientais exigidas para o projeto da nova subestação de Areinha, na Grande Vitória. Incluída no programa de investimentos que Dilma considera fundamental para ampliar a confiabilidade do sistema da região Sudeste, a subestação deve ficar pronta em outubro.