Correio Braziliense, n. 21353, 01/09/2021. Política, p. 2

Bolsonaro incita apoiadores
Ingrid Soares
01/09/2021



O presidente Jair Bolsonaro voltou a convocar simpatizantes a participarem de manifestações em apoio ao governo no 7 de Setembro. "Nós não podemos chegar lá na frente e olharmos para trás e falar 'por que nós não fizemos ali atrás, por que nos omitimos naquele momento?'. A vida se faz de desafios. Sem desafios, a vida não tem graça. As oportunidades aparecem. Nunca uma outra oportunidade para o povo brasileiro foi tão importante ou será tão importante quanto esse nosso próximo 7 de Setembro", discursou, em inauguração do Complexo de Captação e Tratamento de Água em Uberlândia (MG).

Bolsonaro também disse que a mobilização é para mudar o destino do Brasil, sem empunhar uma espada". "Muitos querem que eu tome certas medidas. Creio que nós vamos mudar o destino do Brasil e, tenho certeza, dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Não será levantando uma espada para cima e proclamando algumas palavras. No passado foi assim. Hoje, pela complexidade, pelo que está em jogo na nossa nação, será um pouco diferente", destacou. "Mas temos um outro 7 de Setembro pela frente. (...) O homem ou a mulher sem liberdade não é ninguém. A liberdade é origem para tudo, é a certeza que nós podemos crescer."

Após motociata na cidade, Bolsonaro voltou a frisar que o 7 de Setembro "será a hora de o país se tornar independente para valer". Ele atacou indiretamente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dizendo não aceitar que "uma ou outra pessoa imponha sua vontade".

"Chegou a hora de, no dia 7, nos tornarmos independentes para valer. E dizer que não aceitamos que uma ou outra pessoa em Brasília queira impor a sua vontade. A vontade que vale é a vontade de todos vocês", discursou, seguido por coro de apoiadores com o grito de "eu autorizo". "Vocês estarão mostrando, no próximo dia 7, que quem manda no Brasil são vocês, e temos a missão de fazer aquilo que vocês determinam. Assim sendo, até o dia 7, se Deus quiser. É um momento ímpar para o futuro do nosso Brasil."

O chefe do Planalto disse que, desde sua chegada ao Congresso, em 1991, sonha com "este momento de colaborar, de mostrar para este povo o tamanho do Brasil, as suas riquezas, e onde nós poderemos chegar". "Vivemos momentos um tanto quanto difíceis. Querem roubar aquilo que de mais sagrado nós temos, que é a nossa liberdade. Mas tenho certeza que, ao lado de vocês, vocês demonstrando o que querem para o Brasil, nós mudaremos o destino desta grande pátria maravilhosa", acrescentou.

Ele repetiu que as manifestações darão o "norte" do governo. "E esse norte será dado com muito mais ênfase, com muito mais força no próximo dia 7. Pela manhã, estarei na Esplanada e, por volta das 15h30, na Avenida Paulista, em São Paulo. Lá, mandaremos um retrato para o Brasil e para o mundo, dizendo para onde este Brasil irá. Irá pra onde vocês apontarem", destacou. "Todos nós do Executivo, Legislativo e do Judiciário temos a obrigação de estar ao lado do povo brasileiro."

"Sinalização"

A frase "eu autorizo" começou a ser usada por bolsonaristas após o presidente pedir, em abril, "uma sinalização" do povo para agir. Ao comentar sobre o avanço da fome durante a pandemia, o chefe do Executivo, que culpa as medidas restritivas pelo agravamento da crise econômica, afirmou: "O Brasil está no limite. Pessoal fala que eu devo tomar providências. Estou aguardando o povo dar uma sinalização".