Correio Braziliense, n. 21357, 05/09/2021. Cidades, p. 15

A energia solar como opção
Cibele Moreira
05/09/2021



Entre janeiro e agosto deste ano, 854 usinas solares foram instaladas no Distrito Federal. Em 2020, o número bateu recorde, com 1.323 unidades criadas. Especialista destaca que o impacto no gasto com eletricidade cai pela metade

A produção de energia solar tem crescido no Distrito Federal e mostra ser uma boa opção para reduzir o impacto do aumento na conta de luz. Entre janeiro e agosto deste ano, 854 usinas solares foram instaladas na capital do país. Ao todo, cerca de 3,7 mil unidades consumidoras têm rede fotovoltaica com produção de 74,3kw de potência. Em 2015, esse número era de 35 sistemas com produção própria. Apenas no ano passado, 1.323 iniciaram a geração energética a partir da captação da luz do sol, recorde. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Para Samuel Araújo, engenheiro eletricista do Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil do Distrito Federal, o sistema de energia fotovoltaico é vantajoso em todos os sentidos. "Você utiliza um recurso que está disponível em abundância durante o dia, transforma em energia e ainda consegue guardar para usar durante a noite. Na prática, o cliente não paga a energia elétrica que gasta", explica o especialista. Samuel destaca que houve um crescimento geral no país na procura por esse sistema, que consegue reduzir mais da metade os custos junto à distribuidora de energia elétrica.

Um sonho antigo de Fernando Antônio de Aquino Pavie, 60 anos, se tornou realidade há dois meses. Após muito debater com os condôminos do prédio onde mora, o síndico de um bloco na 210 Sul conseguiu aderir à produção fotovoltaica, que compensará todos os gastos da área comum do bloco, além de gerar 100kw para cada apartamento. "Tínhamos um fundo de reserva sobrando, que estava parado e não estava rendendo nada. Então propus a instalação das placas solares, que foi bem-aceita pelos moradores", conta o aposentado.

Dos R$ 2 mil de despesas com a conta de energia da área comum — que inclui elevador, pilotis, salão de festas, corredores —, Fernando prevê uma economia de R$ 1,5 mil, mesmo com a tarifa vermelha. "Vamos saber de fato o impacto na conta neste mês de setembro, pois o sistema só começou a funcionar agora, 30 de agosto", afirma.

De acordo com a resolução da Aneel, o cliente que tem usina fotovoltaica permanece conectado à rede de distribuição de energia, tendo uma compensação do que é gerado e do que é de fato consumido. Em relação ao impacto na conta de energia, os valores variam a depender do perfil de consumo do cliente e da potência do sistema fotovoltaico instalado.

Levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) avalia a produção deste sistema no país. Segundo ranqueamento das cidades que mais geram eletricidade por meio do sol, Brasília aparece em segundo lugar, com 74,5 megawatt (1 megawatt (MW) equivalente a 1.000 quilowatts) produzidos. A capital fica atrás apenas de Cuiabá, com 79,9MW. No entanto, no comparativo por unidade da Federação, o Distrito Federal cai para a 20ª posição.

Casa verde
Para Thaís Aquino, 52, ter uma casa — na medida do possível — sustentável é uma realidade. Moradora do Lago Sul, há 20 anos ela implementou o sistema de aquecimento solar para reduzir os gastos com o chuveiro elétrico. Em setembro do ano passado, ampliou o aproveitamento do recurso natural com a instalação de placas fotovoltaicas. "Era uma coisa que já queria há um tempo e, quando surgiu a oportunidade, nós a implementamos. E, olha, eu achei que foi um ótimo negócio", relata. A conta de energia, que antes variava em torno de R$ 500, atualmente está a R$ 100. Mesmo com a bandeira vermelha, ela conta que o aumento foi mínimo, de R$ 4 a R$ 5.

"Não sei muito quantificar essa economia, pois nosso consumo aumentou. Acabei mudando muitas coisas, por exemplo, deixei de utilizar o forno a gás para utilizar o elétrico. Tenho dois aparelhos de ar-condicionado, além de outros aparelhos eletrodomésticos", conta a servidora pública. Thaís também tem na casa dela outras ações sustentáveis, como o aproveitamento do lixo orgânico com composteiras e reaproveitamento da água para lavagem da área externa e para aguar o jardim.