Título: Promotor apura se adrenalina faltou no HBB
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 31/03/2005, Brasília, p. D5

O Ministério Público do Distrito Federal abriu ontem inquérito civil para investigar denúncia de mortes no Hospital de Base de Brasília (HBB) em decorrência da falta de adrenalina para fazer manobras de ressucitação em pacientes em estado grave. Ainda não há qualquer comprovação da denúncia, apenas depoimentos pessoais. A informação chegou ao MP porque, na semana passada, uma enfermeira procurou órgão para fazer a denúncia. Segundo ela, um paciente morreu no HBB, dia 18 último, por volta de 12h, porque não havia adrenalina para fazer reanimação cardio-respiratória. Médicos-residentes também afirmaram que, no plantão do dia 20, outras pessoas morreram sem que tivessem chance de serem reanimadas devido a carência do mesmo medicamento.

O promotor da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Ministério Público, Jairo Bisol, ouviu as denúncias, recolheu documentos provas e está instaurando investigação para apurar o caso.

- A acusação é muito grave. A adrenalina é um medicamento básico e custa muito pouco. Não há nada que justifique sua falta em emergência de hospitais. Por isso, estamos abrindo inquérito civil para confirmarmos as denúncias. Também vamos instaurar inquérito criminal. Se as informações forem comprovadas, os responsáveis serão acusados de improbidade administrativa e até de homicídio - explicou Bisol.

O diretor do Hospital de Base, José Carlos Quinaglia, disse que ainda não tinha essa informação, pois nada foi passado para a diretoria do HBB. Comprometeu-se, porém, a apurar junto aos médicos, enfermeiros e farmacêuticos que trabalharam entre os dias 18 e 20 de março. Ele também aguarda notificação do Ministério Público para responder pelas denúncias.

- Não fomos, em momento algum, avisados de que não tinha adrenalina. Seria uma obrigação dos médicos responsáveis nos passarem isso. Vou checar em todos os setores do hospital e esperar o inquérito do Ministério Público para dar uma resposta completa - disse Quinaglia.