Correio Braziliense, n. 20595, 12/10/2019. Política, p. 4

Um é vaiado, outro ovacionado



Jair Bolsonaro e João Doria, que estão com as relações estremecidas, dividiram ontem o mesmo palco, durante cerimônia de formatura de sargentos da Escola de Sargentos da Policia Militar do Estado de São Paulo, no Sambódromo, na Zona Norte de São Paulo. Mas foi a plateia, formada por cerca de 12 mil pessoas, segundo a PM, que vocalizou as divergências entre os dois mandatários: enquanto o presidente era ovacionado a cada vez que tinha seu nome anunciado pelo serviço de som do Sambódromo, o governador de São Paulo era vaiado.

Dirigindo-se ao Alto Comando da PM e aos formandos, Bolsonaro disse ser o primeiro presidente a valorizar as Forças Armadas e as polícias. Já Dória citou várias vezes o nome de Bolsonaro e disse que o "Estado de São Paulo não faz oposição ao Brasil" e que, antes, apoia todo e qualquer projeto do governo federal "bom para o país. "Aqui, presidente Bolsonaro, tem esforço, tem trabalho e tem governo".

Bolsonaro repetiu a quebra de protocolo que fez em Brasília no Sete de Setembro: desceu do palanque montado para as autoridades políticas e militares, e andou entre os 697 formandos, familiares e padrinhos de formaturas dos sargentos.

Antes, no Rio, chamou a atenção o fato de Bolsonaro ignorar a França ao participar da cerimônia de integração do submarino “Humaitá”, o segundo construído após parceria entre os dois países em 2008. Ele destacou a importância do projeto para a "soberania nacional" e disse que o Brasil vai vencer os “inimigos externos”.

O presidente também mandou indireta ao governador do Rio e possível adversário na tentativa de se reeleger em 2022, Wilson Witzel, que estava na cerimônia. "Trabalho para que no futuro quem, por forma ética, moral e sem covardia, queira assumir a Presidência da República, tenha uma situação bem melhor do que a que encontrei."

O presidente e o governador se afastaram depois que Witzel manifestou que quer disputar a eleição presidencial. Bolsonaro também olhou para o governador quando citou "inimigos internos".