Título: De olho no apoio do PMDB, Lula se reúne com Quércia
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 06/04/2005, País, p. A4

Ex-governador acena com possibilidade de parceria com o governo ''neste momento''

BRASÌLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou ontem com o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, em mais uma tentativa de se aproximar do chamado grupo independente dentro do PMDB. Lula vem, nos últimos meses, tentando consolidar uma aliança com esta ala do partido. Às claras, diz que o objetivo é garantir apoio integral da legenda no Congresso. Como pano de fundo, discute-se também uma eventual coligação nas eleições presidenciais de 2006..

De grande importância no cenário nacional, o partido é também um dos mais divididos. Hoje, o Planalto só conta com o apoio de parte da legenda. Para unificá-la, Lula planeja se encontrar individualmente com líderes do PMDB. Mês passado, se reuniu com o presidente da sigla, Michel Temer. Apesar do tom conciliador, ele não garantiu o apoio em 2006. Ontem, Quércia adotou o mesmo tom. Afirmou querer entendimento, mas reforçou a posição de lutar por candidatura própria. Dos grandes caciques da ala de oposição, só resta iniciar o diálogo o ex-governador do Rio Anthony Garotinho.

Quércia, que no PMDB faz parte do grupo de oposição ao Planalto, fez discurso mais ameno e favorável a Lula, ontem, ao sair do encontro:

- Temos o objetivo comum, que é o crescimento do país. A grande bandeira do PMDB sempre foi o desenvolvimento. Apoiamos o governo e queremos que o governo ouse mais.

Sobre o futuro do partido na base aliada, o discurso foi ainda mais favorável ao governo:

- O que pode unir o partido hoje é o esforço para apoiar o governo no Congresso. O que já acontece com mais ênfase no Senado e tem um pouco de dificuldade na Câmara.

Apesar do discurso amistoso, Quércia garantiu que não mudou a opinião quanto a uma candidatura própria do PMDB para a Presidência em 2006. Isso inviabilizaria a aliança com o PT, que tem como principal objetivo a reeleição de Lula.

- O presidente reconhece que o PMDB tem o direito, até o dever, de ter um candidato próprio. Ele mesmo insistiu na sua candidatura três vezes. O partido tem de ter candidato, mas isto não inviabiliza o apoio neste momento.

O presidente do PMDB paulista afirmou que a conversa de ontem foi um primeiro passo para aumentar a base de diálogo entre o governo e setores do PMDB, ainda dividido.

- Vamos ter outra conversa. Serão chamados outros integrantes do PT, como José Genoino, presidente do partido, e o senador Aloizio Mercadante. Chamaremos governadores do PMDB - garantiu Quércia.

Com Folhapress