Correio Braziliense, n.20739, 04/03/2020. Política. p.3

Oposição debate resposta a Bolsonaro

Luiz Calcagno 


A oposição se reuniu, ontem, para debater ações em resposta à iniciativa de Jair Bolsonaro de compartilhar vídeos convocando para manifestações contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Um eventual pedido de impeachment ficou fora da pauta. Parlamentares decidiram que partidos de centro e oposição deverão compor uma agenda do Congresso, à parte das necessidades do governo. O encontro contou, também, com a participação de entidades da sociedade civil, como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O grupo debateu com PCdoB, PT, PDT, PSol, PSB a necessidade de se articularem para as manifestações de 8 de março, Dia Internacional da Mulher; de 14 de março, quando completam dois anos do assassinato da vereadora Marielle Franco; e de 18 de março, pela educação e contra a reforma administrativa. Todos os movimentos já eram previstos antes da convocação dos governistas para 15 de março. O deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do bloco parlamentar PSL, PL, PP, PSD, MDB também esteve na reunião.

Líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) destacou a importância da criação de uma agenda própria do Congresso. Ela também afirmou que ser a favor ou contra o veto do presidente Jair Bolsonaro ao Orçamento Impositivo não estava entre os tópicos do debate e que essas posições deveriam ocorrer nas bancadas.

“Estamos dando como perspectiva, primeiro, questão do veto: cada bancada vai decidir sua posição. Há uma reação tímida de alguns e mais dura de outros em relação ao presidente Bolsonaro. Ninguém concorda com o confronto que ele fez com o Congresso. Ainda não sabemos o resultado desse cabo de guerra”, ressaltou. “De qualquer maneira, a nossa perspectiva, além de fortalecer os atos de rua que já estavam convocados, a questão central é a agenda que vamos construir dentro do Congresso Nacional.”

A agenda, ainda de acordo com a parlamentar, substituiria a do governo, e não colocaria mais a sociedade contra o Congresso. “Nós queremos construir uma agenda com pautas democráticas e que envolvam questões importante para a sociedade brasileira. Isso vai desde derrubar decretos que o governo fez contra a democracia, como indicação de ministro para o Supremo, projeto da quarentena, BPC (Benefício de Prestação Continuada), Brumadinho, Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica)”, destacou. “Queremos construir uma agenda da Câmara e é isso que estamos tentando fazer com o centro unitariamente dentro da oposição. Foi uma conversa que abri com Arthur Lira e com outros líderes.”

Frase

“A nossa perspectiva, além de fortalecer os atos de rua que já estavam convocados, é a agenda que vamos construir dentro do Congresso Nacional”

Jandira Feghali, deputada