Correio Braziliense, n.20739, 04/03/2020. Política. p.4

Governo quer zona franca na Ilha de Marajó

Ingrid Soares


O presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, durante o lançamento do programa Abrace Marajó, que pedirá ao ministro da Economia, Paulo Guedes, estudos para conceder incentivos fiscais à Ilha de Marajó, no Pará. “Vou tomar providências junto ao nosso ministro da Economia para ver o que podemos fazer no que for possível para isentar essa região. Seria algo parecido com a Zona Franca (de Manaus). Zona Franca aí do Marajó. Tenho certeza de que alguma coisa sairá. Afinal de contas, temos de integrar todo o Brasil”, ressaltou. O BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil firmaram acordo com o governo.

Bolsonaro culpou gestões anteriores pela dificuldade em construir o Linhão do Tucuruí, obra que tem como objetivo melhorar o abastecimento de energia na região. Segundo o chefe do Executivo, foram feitas demarcações “sem responsabilidade”. “Quem (sic) é esse pedaço de terra chamado Marajó, que pouco ouvimos falar sobre ele, como outras tantas e tantas regiões pelo Brasil? É um pedaço de terra do tamanho do estado do RJ, que tem uma população semelhante ao estado de Roraima, que também, até o momento, está sofrendo por conta da construção do Linhão”, afirmou. “Mas isso só não é uma realidade ainda porque, no passado, não tiveram responsabilidade quando demarcaram à vontade e em favor de interesses internacionais grandes reservas indígenas e uma quantidade enorme de quilombolas. Estamos lutando contra isso. Não para abandonar o nosso índio ou o quilombola, mas para integrá-lo à sociedade. E, ao fazer tal medida, nós possamos levar o progresso para todas as regiões do Brasil.”

O governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), disse que a ilha possui os “piores índices de desenvolvimento humano, coberturas de tratamento e saneamento básico, dificuldades primárias de serviços essenciais para a qualidade de vida da população”. Segundo ele, para efetivamente resolver as causas dos problemas, é necessário “garantir desenvolvimento econômico para a população marajoara”.

Durante a cerimônia de lançamento, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, dançou carimbó, uma dança típica do Marajó. Bolsonaro preferiu se abster e ficou sentado.