Título: Governos acertam criação de força-tarefa
Autor: Ana Paula Verly e Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 05/04/2005, Rio, p. A15
O secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, anunciou ontem a criação de uma força-tarefa formada pelas polícias Civil, Federal e Militar para investigar a chacina ocorrida quinta-feira passada na Baixada Fluminense e os grupos de extermínio que atuam na região, na Zona Oeste e em São Gonçalo. Itagiba, porém, negou que a vinda de tropas federais, prevista pelo Ministério da Justiça para os próximos dias, esteja relacionada à apuração da chacina da Baixada. - A missão não é essa. Vamos utilizar se for necessário, caso eles estejam prontos - declarou.
A atuação de forças federais no Estado foi levantada durante planejamento de ações de repressão ao tráfico de drogas e contrabando de armas no Gabinete de Gestão Integrada da Secretaria de Segurança Pública.
- A Força Nacional não vai para as ruas. Ela será treinada para desarmar traficantes, apreender drogas e prender os envolvidos em delitos - destacou Itagiba, acrescentando que a tropa precisará ser treinada para atuar no Rio.
O treinamento deverá ser feito na Escola de Formação da PM e no Morro do Vidigal. Ontem, foram presos dois policiais do 24 º BPM (Queimados) suspeitos de participação no crime, um deles identificado como Montezano. Outros sete policiais, a maioria do 24º BPM, estão detidos.
Ontem, no início da noite, o soldado Carlos Jorge Carvalho, do 20 BPM (Mesquita), foi reconhecido, pelo parente de uma das vítimas de Queimados. Segundo a testemunha, dos quatro homens que participaram da chacina, o soldado era o único que não usava capuz. O policial, que já estava preso administrativamente, foi autuado em flagrante no crime de receptação, já que, por meio de mandado de busca, a polícia apreendera em sua casa, na tarde de hoje, um veículo furtado.
O policial do 20º BPM é o primeiro reconhecido como autor do crime. Um outro policial, do 24º BPM (Queimados), fora reconhecido como um dos homens que voltaram ao local do crime para recolher cápsulas dos projéteis disparados contra as vítimas.
O anúncio da atuação conjunta foi feito após reunião na Secretaria de Segurança Pública, da qual participaram, além de Itagiba, o superintendente da PF no Rio, o delegado José Milton Rodrigues.
- Estamos atuando em conjunto na busca de mais testemunhas e coleta de provas técnicas que viabilizem condenações exemplares nesse caso - destacou Itagiba, informando que as investigações da chacina, que deixou 30 mortos, estão concentradas na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.
O chefe de Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, antecipou que novos mandados serão expedidos:
- Depoimento de testemunhas e denúncias anônimas levaram ao nome destes policias. Vamos solicitar à Justiça novas prisões e acreditamos estar no caminho certo.