Correio Braziliense, n. 20594, 11/10/2019. Política, p. 3

Amazônia aberta a investimentos

Augusto Fernandes


Em mais um discurso centrado nas mudanças que promoveu no Brasil desde que assumiu o Planalto e na defesa da “soberania nacional” sobre a região amazônica, o presidente Jair Bolsonaro abriu, ontem, o Fórum de Investimentos Brasil, em São Paulo. Durante os cerca de 16 minutos em que falou ao público, formado por investidores internacionais, executivos de multinacionais e ministros do governo, o presidente repetiu afirmações feitas no mês passado  na Organização das Nações Unidas (ONU). “Colocamos ali quase que um ponto final no monopólio do Raoni (Metuktire, líder indígena) para falar sobre a Amazônia”, disse, após frisar que a “Amazônia não é o pulmão do mundo”. Bolsonaro comentou, ainda, que seu plano para a floresta “é explorar de forma sustentável”, e que quer legalizar o garimpo em terras indígenas.

O presidente iniciou o pronunciamento chamando a atenção para o potencial econômico do estado de Roraima, que tem grande parte de seu território ocupado por reservas indígenas. O estado, frisou, é “riquíssimo, mas está engessado por certas legislações”. “Nós queremos mudá-las. Não é apenas para o bem do governador de Roraima (Antonio Denarium), é para o bem do seu povo”, afirmou o presidente, acrescentando que alterações seriam importantes principalmente para integrar à sociedade os indígenas que vivem na região, os quais chamou de “latifundiários pobres em cima de terras ricas”.

Ao comentar as queimadas que ocorreram na Amazônia na última estação seca, que tiveram repercussão em todo o mundo, Bolsonaro convidou os investidores a conhecer a Floresta Amazônica, garantindo que eles “não serão queimados”. E reclamou que “sofreu muito com a mídia do Brasil, e em grande parte, de fora do Brasil”.

“Muitas vezes, o que muitos jornais e televisões mostram não é a realidade. (A Amazônia) é uma área lindíssima, quase totalmente preservada. É uma área que tem biodiversidade, riquezas e minerais, pontos turísticos simplesmente inimagináveis. Essa terra é patrimônio do Brasil”, enalteceu. De acordo com Bolsonaro, a Amazônia precisa de um programa de exploração sustentável para “fazer com o que ela tem de bom sirva para nós e para a humanidade”.

O chefe de governo deixou claro que espera mais investimentos na região. “Nós queremos preservar o meio ambiente e queremos, mais do que isso, casá-lo com o progresso. Isso que está aqui é nosso. Pode ser explorado, pode ser preservado, para o bem de todos nós. Para nós, eu em especial como presidente, para reconquistar ou para conquistar a confiança de vocês”, frisou.

Segundo o presidente, o Brasil é um país que tem o que quase nenhum outro país do mundo tem. “Reservas de minerais, biodiversidade, água potável, grandes espaços vazios cobiçados, riquezas naturais que não existem em lugar nenhum no mundo. Os nossos sete pantanais, uma costa maravilhosa, parques nacionais. Temos tudo para ser aquela nação dos sonhos de todos nós, e nós queremos repartir isso com vocês, com os senhores que estão aqui acreditando no Brasil”, destacou.

Por fim, o presidente falou sobre a Argentina, ao sinalizar que tem “trabalhado para que outro país, mais ao sul, não volte para as mãos daquelas pessoas que, no passado, botaram esse país numa situação bastante complicada”. E fez um paralelo com o Brasil: “Nós não podemos ver, em 2022, o que este grande país ao sul da América do Sul vive no momento. Isso depende do trabalho sério de cada um de nós. Mostrar que aqueles que ocuparam o governo em anos anteriores não podem voltar. Se voltarem pelo voto, paciência. Mas que não voltem por omissão nossa, por falta de nós mostrarmos que, lá atrás, o nosso destino era (ser) a Venezuela”, disse.

Frase

“Nós queremos preservar o meio ambiente e queremos, mais do que isso, casá-lo com o progresso. Isso que está aqui é nosso. Pode ser explorado, pode ser preservado, para o bem de todos nós”

Jair Bolsonaro, presidente da República