Título: Petróleo volta a bater recorde
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 05/04/2005, Economia & Negócios, p. A23

Preço do barril só cai depois de anúncio da Opep. No Brasil, economistas já temem impacto na inflação

Folhapress

SÃO PAULO - O petróleo voltou a atingir patamar recorde em Nova York ontem e chegou a ser negociado durante o dia a US$ 58,28, mas recuou depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou que pode elevar o teto de sua cota de produção em 500 mil barris e fechou o dia cotado a US$ 57,01.

Em Londres houve movimento semelhante e depois de bater o recorde de US$ 57,27, a commodity fechou valendo US$ 56,23. Nos últimos 12 meses, o preço do petróleo já subiu 83% em Londres e 66% em Nova York.

A escalada do petróleo nos últimos dias é conseqüência da queda no estoque de gasolina nos Estados Unidos na semana passada. No relatório sobre estoques de petróleo e destilados divulgado na quarta-feira pelo Departamento de Energia dos EUA, o estoque de gasolina apresentou queda de 2,9 milhões de barris, recuando para 214,4 milhões de barris.

Especulação não falta neste mercado. Mesmo estando ainda 6% acima do nível de um ano atrás, os investidores dizem agora temer que falte combustível nos EUA com o início do verão no Hemisfério Norte. Devido à preocupação, alguns analistas dizem que o barril em Nova York deve quebrar a barreira dos US$ 60 em questão de dias.

A alta deve ter impacto imediato no Brasil nos produtos derivados, como resinas plásticas, e, se persistir por muito tempo, até comprometer a meta de inflação do governo para este ano, de 5,1%, na análise de economistas.

Nos cálculos de Luis Fernando Lopes, economista do Banco Pátria, a defasagem entre custo e preço da gasolina é de 17%. E, no caso do óleo diesel, de 32%. Isto é, se a Petrobras repassar os aumentos de custos para os preços, teria de reajustar a gasolina em 17% e o diesel, em 32%.

- Agora, ninguém sabe quando a Petrobras vai reajustar os preços. E, provavelmente, fará os aumentos em etapas para não comprometer demais as taxas de inflação - afirma.

Na sua análise, não vai dar para o governo segurar por muito tempo os preços.

- Uma boa saída seria deixar os reajustes para a virada do segundo semestre. Se ficar para o final do ano, os reajustes podem contaminar a inflação em 2006, o que é ruim - avalia.