Título: Aerolula é pequeno e tem defeitos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 06/04/2005, País, p. A3

É difícil acomodar comitiva para o enterro do papa

Folhapress

BRASÍLIA - Apesar de novo em folha, o avião presidencial trouxe aborrecimentos ao governo. Apresentou defeitos que devem levá-lo para reparos no exterior e é considerado pequeno para ocasiões especiais. Há dificuldade para acomodar a comitiva que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao enterro do papa João Paulo 2º. A Aeronáutica está elaborando uma lista de problemas recentes apresentados pelo avião, modelo ACJ, fabricado pela Airbus para executivos e que serve a alguns chefes de Estado.

Batizado de Santos Dumont e chamado pela mídia de Aerolula, o avião apresentou defeitos na escada, numa porta que separa a área íntima do presidente da comitiva, no sistema de comunicação e até na cafeteira, que não esquentaria o café tanto quanto gosta Lula.

A Aeronáutica pretende propor ao presidente que autorize o envio do avião para reparos no Estados Unidos e na Alemanha, onde teve partes diferentes suas montadas. A idéia dos militares é fazer esses consertos após a viagem de Lula à Itália e África, no fim de semana. Nesse período, ele usaria um Boeing 737, chamado de Sucatinha, para deslocamentos domésticos.

Além dos defeitos de um aparelho novo, que custou US$ 56,7 milhões, o avião se mostrou pequeno na hora de montar a comitiva para o enterro do papa. Na área íntima, há oito cadeiras, além de um pequeno quarto com cama e chuveiro. Normalmente, membros da comitiva só vão para essa área quando chamados.

No formato em que se encontra, há espaço para uma comitiva de 16 pessoas, sem contar a tripulação. Nessa comitiva, cinco lugares são sempre ocupados: chefe do cerimonial, chefe da segurança, um médico, o assessor de imprensa do presidente e o fotógrafo oficial. Restam, portanto, 11 lugares.

Como Lula convidou para acompanhá-lo os presidentes da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, e os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, sobram mais seis assentos na comitiva. Celso Amorim (Relações Exteriores) ocuparia mais um lugar. Resultado: sobraram cinco lugares, o que levou o Planalto a pedir que os convidados não levem suas mulheres.