Correio Braziliense, n. 20592, 09/10/2019. Política, p. 2

Reforço para educação



Reunidos ontem em Brasília, governadores reforçaram a reivindicação de que a União destine mais recursos para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Em carta aberta, divulgada após o encontro, eles reafirmaram a posição de que o fundo deve se tornar permanente e que o governo federal se comprometa a repassar mais verbas para mantê-lo.

No documento, os governadores afirmam que as medidas “fortalecerão as políticas para a educação básica e pública e a valorização dos profissionais da educação”. Na saída da sétima reunião do Fórum de Governadores, em Brasília, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), afirmou que há consenso entre os estados de que é preciso ampliar o investimento em educação para reduzir desigualdades educacionais.

Nesse sentido, os governadores cobram celeridade no andamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 15/2015 no Congresso, que, entre outros pontos, sugere um aumento gradual da participação da União, que passaria dos atuais 10% para 40% em 2031.

O governo federal resiste à mudança pelo alto custo que, pelos cálculos do Ministério da Economia, chega a R$ 855 bilhões na próxima década — mais do que o ganho de R$ 800 bilhões esperado com a reforma da Previdência no período. A contraproposta do Planalto é de aumentar gradualmente a participação no fundo, até chegar a 15%, em 2026.

A relatora da PEC, deputada Dorinha Seabra (DEM-TO), discorda dos cálculos do ministério. De acordo com ela, o gasto seria de R$ 279 bilhões, bem menos do que o anunciado. A parlamentar participou do encontro, que contou com a presença de 24 governadores.

A proposta em discussão na Câmara também torna o fundo permanente, o que atenderia a outra demanda dos representantes dos estados. Pelas regras atuais, o Fundeb deixa de valer em 2020. Segundo Dorinha Seabra, “o país não gasta em educação como um país desenvolvido”.

Os recursos do Fundeb cobrem 63% do financiamento da educação básica pública brasileira, o que, este ano, corresponde a R$ 156,3 bilhões. Desse valor, 90% é aplicado por estados, municípios e Distrito Federal. Os outros 10%, que vêm da União, são destinados a estados que não alcançam o índice mínimo de investimento por aluno.

Para a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), a aprovação das novas regras é importante para que, no próximo ano, o Fundeb “não passe por nenhuma instabilidade”. “É urgente criarmos um substituto que seja permanente, para que o Fundeb passe a ser política de Estado”, defendeu.