Correio Braziliense, n. 20591, 08/10/2019. Política, p. 2

Manchas não são do Brasil

Augusto Fernandes


As extensas manchas de óleo que poluem todo o litoral nordestino desde setembro não foram provocadas pelo Brasil, afirmou ontem o presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, há “um país no radar” das investigações do governo e a substância pode ter surgido pelo vazamento em um navio petrolífero ou até por ação criminosa.

“O que está constatado é que existe um DNA, esse petróleo. É o termo que nós estamos usando. Que ele não é produzido nem comercializado pelo Brasil”, garantiu Bolsonaro, sem citar, contudo, qual seria o país suspeito pelo petróleo.

“A análise continua para a gente saber se a gente consegue detectar que país é, de onde veio, qual navio petroleiro que derramou esse óleo lá. (o petróleo) não é produzido em nenhum posto brasileiro, não é comercializado de fora para cá esse tipo de óleo. Uma certeza é de que não é do Brasil, não é responsabilidade nossa”, acrescentou.

Para o presidente, houve omissão da suposta embarcação responsável pelo vazamento, que não comunicou o fato a nenhuma autoridade brasileira. “O que é natural em um vazamento desse, o que seria natural, é o comandante do navio informar. Porque acidentes acontecem, mas, infelizmente, com o navio que aconteceu, com o possível navio, pelo que tudo demonstra, isso (comunicação) não aconteceu”, lamentou.

Desde que surgiram em setembro, as manchas de óleo já atingiram os nove estados do Nordeste e alcançaram 132 locais em 61 municípios, constatou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em uma força-tarefa para contornar os transtornos, o Ministério do Meio Ambiente — em parceria com o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgãos estaduais e as Forças Armadas —, já retirou aproximadamente 100 toneladas da substância.

“É importante haver rapidez nessa retirada, agora, daquilo que está na areia e contendo todas essas borras de óleo para que elas não retornem”, comentou o ministro da pasta, Ricardo Salles, que esteve em Aracaju (SE) ontem, para monitorar a situação. Sergipe é um dos estados dos mais afetados, com 12 praias contaminadas.