Título: PM estava com jóias
Autor: Florença Mazza
Fonte: Jornal do Brasil, 06/04/2005, Rio, p. A13

A polícia encontrou em poder de um dos policiais suspeitos de participação na chacina um relógio e algumas jóias do mostruário da comerciante de jóias Valéria Bittencourt, 41 anos, desaparecida há cerca de quatro meses com o filho, o estudante Enil Fagundes Neto, 21. Irmãos de Valéria confirmaram ontem, extra-oficialmente, que ela era a dona dos objetos, encontrados na casa de um dos suspeitos presos até agora, o soldado Carlos Jorge Carvalho, do 20ºBPM (Mesquita). - Os policias são investigados por diversos crimes, entre eles seqüestros, roubos e atuação em grupos de extermínio. Vamos levantar o envolvimento deles em outras mortes e fazer confronto balístico das cápsulas recolhidas nesses casos com as usadas na chacina - antecipou o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins.

Ele afirmou ontem que as investigações sobre a chacina na Baixada mostram que são quatro os participantes do crime. Segundo os depoimentos tomados até agora, os executores estavam em um Gol prata. Os demais envolvidos estariam dando cobertura aos assassinos.

Carvalho e os soldado José Augusto Moreira Felipe (24º BPM), Ivonei de Souza, (24º BPM), Fabiano Gonçalves Lopes (24º BPM), Júlio Cesar Amaral de Paula (Getam) e Maurício Montezano (24º BPM) tiveram hoje a prisão temporária por 30 dias decretada pela Justiça. A chefia da Polícia Civil havia pedido a prisão de oito PMs suspeitos.

- Alguns foram reconhecidos como autores dos disparos. Outros são investigados por destruir provas, mexer nos corpos, recolher estojos, não prestar socorro às vítimas e não comunicar o crime aos superiores - explicou Lins.

Além dos quatro PMs que já tinham prisão decretada pela Justiça a pedido da PFl, foram incluídos no pedido mais quatro dos que permaneciam detidos nos batalhões.

- Queremos evitar que a defesa conteste a competência da investigação usando o argumento de não se tratar de um crime federal - disse o delegado.

Até ontem, eram 11 os suspeitos detidos. Um deles, o tenente Roberto Assis de Carvalho, do serviço reservado do 24ºBPM (Queimados) foi libertado por falta de provas. Outros quatro permanecem presos administrativamente e o prazo para que permaneçam detidos vence hoje. Na segunda-feira, Carvalho foi reconhecido pelo parente de uma das vítimas de Queimados. Dos quatro participantes da chacina, ele era o único que não usava capuz. Em sua casa foi apreendido um Gol roubado.

- Em Queimados todos usavam máscaras, menos o Carvalho. Como os demais agiam na área, temiam ser reconhecidos - lembrou Lins.

Com Ana Paula Verly