Título: Infratores criticam a ociosidade
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 06/04/2005, Brasília, p. D3

Uma das medidas sócio-educativas para adolescentes em conflito com a lei é a semi-liberdade, que deve atender infratores de pequena periculosidade e adolescentes que estavam internados e obtiveram progressão (abrandamento) de pena. No DF, um dos cinco locais que recebe adolescentes com pena de semi-liberdade é a Unidade de Semi-liberdade de Taguatinga Sul, onde 38 adolescentes do sexo masculino ficam de segunda a sexta-feira na unidade e, nos finais de semana, vão para a casa de suas famílias. A maioria deles já foi interno do Caje e do Cesami e permanece em média um ano no local, mas há quem chegue a três.

Três adolescentes de 17 anos que estão no local contam como é a situação de cada instituição. Presos por assalto à mão armada, já estiveram antes no Cesami, no Caje e em semi-liberdade, mas aproveitaram a saída para novo roubo, dessa vez no Parque da Cidade. Foram para o Caje e agora retornram à semi-liberdade

Para eles, o Caje é o pior lugar de internação, pois - dizem - são maltratados, não têm acompanhamento psicológico e, por causa da superlotação, dormem em colchões no chão. Do Cesami, avaliam que é limpo, tem a quantidade certa de pessoas e, o melhor, têm a atenção de assistentes sociais.

Eles consideram o Cesami até melhor que a semi-liberdade, mas não queriam ficar no local porque são impedidos de sair nos finais de semanas. Os adolescentes acham a semi-liberdade é muito boa por terem o direito de passar o final de semana com as famílias. Mas disseram detestar a ociosidade, que dá vontade de voltar para as ruas e até de cometer novos crimes.

Segundo o ECA, os adolescentes em semi-liberdade devem ser atendidos por programas de resocialização como cursos profissionalizantes, atendimento psicológicos e obrigatoriedade de educação básica.

O coordenador da unidade, Francisco Carlos Araújo, disse que há uma esforço para manter os jovens ocupados e que todos são encaminhados para escolas. E que, mesmo assim, muitos abandonam o local e, como punição judicial, voltam a ser internados no Caje.

- Tentamos atender a tudo que exige a lei, mas não temos atividades o tempo todo. A maior parte deles não dá valor ao que é oferecido e é agressiva. É claro que também tem os que são recuperados - disse.