Correio Braziliense, n.20580, 27/09/2019. Política. p.2

Janot: ''ia matar Gilmar mendes''


O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot afirmou, ontem, ao Estadão que, no momento mais tenso da passagem pelo cargo, chegou a ir armado para uma sessão do STF com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes. “Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar”, disse. De acordo com o ex-procurador-geral, logo depois de ele apresentar uma exceção de suspeição contra Gilmar Mendes, o ministro difundiu “uma história mentirosa” sobre sua filha. “E isso me tirou do sério.”

Conforme a reportagem, em maio de 2017, Janot, na condição de chefe do Ministério Público Federal (MPF), pediu o impedimento de Gilmar Mendes na análise de um habeas corpus de Eike Batista, com o argumento de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atuava no escritório de Sérgio Bermudes, que advogava para o empresário.

Ao se defender em ofício à então presidente do STF, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes afirmou que a filha de Janot — Letícia Ladeira Monteiro de Barros — advogava para a empreiteira OAS em processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o ministro, ela poderia, na época, “ser credora por honorários advocatícios de pessoas jurídicas envolvidas na Lava-Jato”. Janot contou: “Minha filha nunca advogou na área penal... e aí eu saí do sério”.

O ex-PGR disse ainda que foi ao STF armado, antes da sessão, e encontrou Gilmar Mendes na antessala do cafezinho da Corte. “Ele estava sozinho, mas foi a mão de Deus. Eu vi, olhei, e aí veio uma ‘mão’ mesmo.” Na ocasião, Janot afirmou que estava se sentindo mal e pediu para que o vice-procurador-geral da República o substituísse na sessão.