Correio Braziliense, n.20580, 27/09/2019. Brasil. p.6

Ministro ataca salário de professores federais
Gabriel Pinheiro 
Isadora Martins 
Maria Eduarda Cardim
 



Weintraub afirma que é preciso ir atrás da "zebra gorda", docentes de universidades do Estado que ganham de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês. Ele defendeu também proposta de autorregulamentação das instituições particulares e pediu ajuda para o Future-se

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, se envolveu em mais uma polêmica ontem ao mencionar universidades federais durante o 21º Fórum Nacional do Ensino Superior Particular Brasileiro (FNESP). Na palestra de abertura do evento, Weintraub disse que é preciso “atacar a zebra mais gorda”, se referindo aos salários de professores universitários federais. O ministro também defendeu uma proposta de autorregulação para as universidades particulares.

“O problema do ensino superior brasileiro é que a gente gasta uma fortuna com um grupo muito pequeno de pessoas”, afirmou, referindo-se às universidades públicas. “Mais de 80% do ensino superior está na iniciativa privada, e o MEC (Ministério da Educação) é uma grande folha de pagamento de professores de universidades federais”, completou. Para o ministro, é preciso ir “atrás de onde está a zebra mais gorda, que é um professor de federal, com dedicação exclusiva, ministrando oito horas de aula por semana e ganhando de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês”.

O ministro garantiu que não pretende começar a cobrar mensalidade nas instituições públicas de ensino superior. “É uma vitória de Pirro a gente gastar energia para tentar cobrar a graduação”, disse. A expressão é utilizada para se referir a uma vitória obtida a alto preço. “Vai ser uma gritaria, e não vamos chegar a lugar nenhum”, justificou. Segundo o ministro, “cobrar mensalidade de quem pode pagar não vai resolver nada”.

Desde abril, quando assumiu o ministério, Weintraub se envolveu em polêmicas ao anunciar o contingenciamento feito no orçamento das universidades e institutos federais. No evento, o ministro disse que está acompanhando os dados para um possível descontingenciamento. “A gente está descontingenciando. Não tem nenhuma universidade fechada. Não houve quebra das universidades, como alguns veículos falaciosos falaram, não houve nenhum bandejão sem alimento”, afirmou.

Ainda de acordo com o ministro, mais da metade dos servidores brasileiros está no MEC, o que gera muitos custos para a pasta. “Eu tenho que enfrentar esse exército, entre outras coisas”, disse ele, referindo-se a doutrinação e metodologia de alfabetização. No discurso, o ministro também pediu apoio para a aprovação do Future-se, programa rejeitado pela maioria das federais pelo país. “Preciso do suporte das bases e das bancadas dos senhores para passar o Future-se e, assim, ter verbas para financiar o ensino privado e colocar dinheiro nas creches”, disse.