Correio Braziliense, n. 20586, 03/10/2019. Economia, p. 07

Bolsa derrete e dólar cai

Ana Russi


Em meio ao ambiente externo desfavorável por conta do medo da desaceleração econômica global, e a derrota do governo na votação da reforma da Previdência no Senado, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) despencou a 101.031 pontos, fechando ontem com queda de 2,9%.

Desde terça-feira, os investidores têm se assustado com os dados negativos das economias norte-americana e europeia, que levam a uma materialização do temor de uma recessão global. Para o economista e chefe da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, o Ibovespa, principal índice da B3, acompanha as bolsas mundiais, também em queda.

No cenário nacional, a influência veio do fato de o governo não ter conseguido barrar o destaque que devolvia aos trabalhadores que ganham até dois salários mínimos o direito ao abono salarial, resultando em uma perda de R$ 76,4 bilhões na economia em 10 anos.

Para Campos Neto, entretanto, os fatores domésticos causaram um mal-estar apenas inicial. “Realmente houve um certo desconforto na abertura por conta da derrota no impacto fiscal. Mas como não houve mais reduções na economia, a apreensão dos investidores diminuiu”, disse.

Na avaliação do economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, por não poder ser estancada pontualmente, a tensão nos mercados externos deve continuar. “Com Trump sob pressão do processo de impeachment, dificilmente ele conseguirá construir boas notícias”, analisou.