Título: Bush chega a Roma e presta homenagem
Autor: Gregory Viscusi
Fonte: Jornal do Brasil, 07/04/2005, Internacional, p. A8

Numa prévia do que vai ser o funeral de João Paulo II, amanhã, o presidente dos Estados Unidos, George Bush, esteve ontem na Basílica de São Pedro, onde está o corpo do falecido papa, acompanhado da mulher, Laura, dos ex-presidentes Bill Clinton e George Bush (pai) e de uma delegação de altos funcionários, incluindo a secretária de Estado Condoleezza Rice.

A delegação encabeçada pelo presidente chegou ao aeroporto Fiumicino, em Roma, por volta das 21h30 e seguiu imediatamente para o Vaticano em vários carros. Nas ruas, alguns italianos vaiaram a comitiva americana.

Bush é o primeiro chefe de Estado estrangeiro a visitar a câmara de João Paulo II depois que o presidente da República italiana, Carlo Azeglio Ciampi, e o primeiro-ministro Silvio Berlusconi prestaram homenagem no domingo passado no Palácio Apostólico.

Antes de abandonar a basílica, onde permaneceram por alguns minutos, George Bush e os membros de sua delegação, em silêncio, se detiveram por um momento ante os restos do papa.

Ao sair, todos estenderam a mão ao secretário particular de João Paulo II, o arcebispo polonês Stanislaw Dziwisz.

A visita do presidente americano surpreendeu as pessoas que, depois de ficarem até dez horas na fila, se encontravam na entrada do templo vaticano.

Bush está hospedado na residência do embaixador americano em Roma, Mel Sembler, e se reunirá com Ciampi e Berlusconi, embora a agenda do encontro não tenha sido divulgada.

Amanhã, o presidente americano vai assistir, com a mulher e o resto da delegação americana, ao solene funeral de João Paulo II, que deve contar com a presença de pelo menos 200 líderes mundiais.

Quatro reis, cinco rainhas, cerca de 70 presidentes e primeiro-ministros e, no mínimo, 14 líderes de outras religiões vão assistir à cerimônia, junto com uma multidão de fiéis estimada pelo Vaticano em 2 milhões de pessoas - o maior número de peregrinos que a praça São Pedro já abrigou em toda a sua história.

De fato, não são muitas as ocasiões capazes de colocar na mesma cerimônia os presidentes dos Estados Unidos e o do Irã, Mohamed Khatami.

O herdeiro do trono britânico, o príncipe Charles, adiou o seu polêmico casamento por 24 horas para estar presente ao enterro.

Reis e rainhas católicos, como o rei Juan Carlos e a rainha Sofia, da Espanha, vão se juntar a monarcas protestantes e muçulmanos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará presente, junto com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney. O Brasil é o maior país católico do mundo e acredita-se que o próximo papa possa ser latino-americano. Eduardo Duhalde e Carlos Menem, presidente e ex-presidente da Argentina, também vão comparecer.

Fidel Castro, que se encontrou com o papa em 1998 e o chamou de ''guerreiro infatigável'' pela paz, enviará o presidente da Assembléia Nacional. O líder cubano homenageou o papa indo a uma missa em Havana.

Os apelos do papa contra a invasão do Iraque lhe renderam respeito pelo mundo muçulmano, onde foi considerado um homem da paz. O iraniano Khatami, um clérigo islâmico, estará ao lado do presidente sírio, Bashar al-Assad, e do premier palestino, Ahmed Qorei. Todos estarão dentro da basílica cristã com o presidente de Israel, Moshe Katsav.

Nenhum rabino importante de Israel irá ao funeral, por estarem se preparando para a Páscoa judaica, mas enviarão um representante. Além disso, o gabinete do patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Alexiy II, disse que está disposto a mandar uma delegação.