Correio Braziliense, n. 20644, 30/11/2019. Política, p. 02

Equipes buscam computadores em SP e no DF



Durante a primeira fase da Operação Appius, no começo deste mês, a Polícia Federal suspeitou da ausência de computadores em escritórios de advocacia que foram alvos de busca e apreensão. Um dos alvos na época foi o ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) César Asfor Rocha. O fato levou a corporação a deflagrar, ontem, uma nova ação contra o magistrado aposentado e o filho dele. As equipes da PF percorreram escritórios de advocacia da dupla em São Paulo e Brasília. O cumprimento dos mandados foi autorizado pela pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo.

Nas diligências do começo deste mês, a PF notou que alguns celulares tinham sido formatados, o que fez com que diversos arquivos, como conversas de texto e áudio por aplicativo, fotos, vídeos e documentos fossem apagados. Além disso, havia locais com impressoras e cabos de informática soltos, sem estarem ligados a computadores. Essas condições levaram a suspeitas que as máquinas foram removidas para outro local e até mesmo destruídas para ocultar ou destruir provas.
De acordo com informações do Ministério Público Federal, as novas diligências “mostraram-se necessárias diante de circunstâncias atípicas verificadas durante o cumprimento de outras medidas investigativas, por exemplo, a ausência de computadores na(s) residência(s) do(s) advogado(s) investigado(s), embora ali houvesse impressoras, cabos de rede e de energia e monitores, além da formatação de celulares com apagamento de dados e de outros fatos que denotaram possíveis ações de ocultação de elementos relevantes à apuração”. O Correio apurou que um dos argumentos que serão apresentados pela defesa de Asfor Rocha à Justiça é a de que os advogados utilizam notebooks, que só precisam ser conectados nas impressoras e cabos de internet no momento do uso de algumas funções específicas.
 
Delação premiada
As investigações da Operação Appius têm como base a delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci Filho e aputam o suposto pagamento de propina a agentes públicos para que a Operação Castelo de Areia, realizada em 2009, fosse anulada. Por meio de nota, o escritório do ex-presidente do STJ se manifestou sobre as novas diligências. “O escritório Cesar Asfor Rocha Advogados aguarda com serenidade as apurações baseadas em afirmações do ex-deputado Antônio Palocci. As suposições com que o ex-petista, já condenado por corrupção, tenta comprar sua liberdade não têm respaldo nos fatos”.
No dia 7 de novembro, data da primeira operação, Asfor Rocha afirmou que “o ex-ministro Antonio Palocci dissemina mentiras com base no que diz ter ouvido falar e que, por falta de consistência e de provas, essa mesma delação foi recusada pelo Ministério Público Federal”.(RS)