Título: E-mail trouxe notícia
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/04/2005, Internacional, p. A8

Foram necessários poucos minutos para o Vaticano alertar a imprensa mundial sobre a morte do papa. Num sinal de que a Igreja de 2 mil anos aprendeu a enfrentar a modernidade, menos de meia hora após o falecimento, a Santa Sé enviou a jornalistas o seguinte texto via e-mail e SMS (torpedo): ''O pontífice morreu esta noite às 21h37 em seu apartamento'', dizia o comunicado, num documento Word.

Como a mensagem chegou antes aos computadores da sala de imprensa, os espectadores das TVs tomaram conhecimento do fato antes mesmo de os milhares de fiéis que rezavam em frente na praça de São Pedro. Estes foram avisados minutos depois, pelo arcebispo Leonardo Sandri e a reação, uma longa salva de palmas, foi transmitida, em tempo real, para todo o planeta.

Durante o calvário de João Paulo II, o Vaticano se esforçou para atender a mídia global interessada no declínio da saúde do pontífice. Os boletins médicos eram breves mas capazes de transmitir a sensação de que o quadro era grave. Mesmo assim, trata-se de uma mudança de atitude diante de pontificados anteriores, mesmo recentes. Em 1960, por exemplo, o Vaticano manteve sob segredo o câncer inoperável no estômago do papa João XXIII, até poucos dias antes de sua morte, em 1963. O próprio João Paulo II já havia recomendado por escrito que a Igreja não temesse usar a mídia e a internet para difundir a mensagem ''promovendo a justiça e a solidariedade''.