Correio Braziliense, n.20579, 26/09/2019. Economia. p.10

Novas vagas pelo quinto mês seguido
Anna Russi


O Brasil registrou abertura de 121.387 novas vagas de emprego com carteira assinada, em agosto, o melhor resultado para o mês desde 2013. É o quinto mês consecutivo em que se contrata mais do que se demite. O saldo é o resultado de 1.382.407 admissões e 1.261.020 desligamentos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério da Economia.

As contratações são comemoradas por especialistas. Para Riezo Almeida, coordenador do curso de ciências econômicas do Iesb, os novos postos mostram um cenário favorável. “Temos uma desproporção grande ainda, são 12,6 milhões de desempregados no país, mas a constância na criação de vagas, pelo quinto mês consecutivo, sinaliza cenário favorável para novas oportunidades de emprego”, disse.

Almeida acredita que o número tenha vindo mais uma vez positivo devido a várias medidas implementadas pelo governo ao longo de 2019. No acumulado do ano, houve alta de 593.467 empregos formais. Já na comparação dos últimos 12 meses imediatamente anteriores, o saldo foi de 530.396.

Márcio Júnior Braga dos Santos, 21, passou sete meses enviando currículos por meios tradicionais, até partir para a ideia de fazer uma camiseta com suas qualificações. Foi chamado para algumas entrevistas e aceitou uma proposta de emprego há dois meses. “As portas só se abriram depois que tive atitude. No momento em que o país se encontra, é difícil se destacar por nossas habilidades em prática. Os governantes precisam prestar mais atenção no mercado de trabalho para os jovens”, afirmou.

André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, diz que os dados do Caged vieram acima do que o esperado. “Uma ótima marca. Mas, se observamos o acumulado em 12 meses, fica evidente que a velocidade de recuperação diminuiu. Isso mostra que o mercado de trabalho ainda tem que andar muito para efetivamente melhorar”, destacou.

Na opinião de Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Ativa Investimentos, o resultado positivo vai ajudar a economia em sua recuperação. Para ele, a população brasileira está endividada e essas novas vagas vão ajudar na organização das contas familiares. “Com emprego, elas vão comprar mais e pagar com o próprio dinheiro”, afirmou.

Considerando o resultado por setores da atividade econômica, seis dos oito segmentos tiveram criação de vagas. O setor de serviços liderou as altas, com 61.730 novas vagas. Em segundo lugar está o comércio, com 23.626, seguido da indústria de transformação, com 19.517. Por outro lado, a agropecuária e o setor de serviços industriais de utilidade pública, apresentaram saldo negativo em 3.341 e 77 vagas, respectivamente.

No recorte geográfico, todas as cinco regiões tiveram saldo positivo. A região Sudeste liderou com a criação de 51.382 vagas no mês. A região Norte teve o menor número de novos empregos formais, com 10.610.