Correio Braziliense, n.20577, 24/09/2019. Política. p.5

Amazônia não está em chamas
Catarina Loiola


O Ministro da Defesa, Fernando Azevedo, minimizou ontem o problema dos incêndios na Floresta Amazônica. “Não é tão grave quanto foi dito. A Amazônia não está em chamas”, afirmou, ao divulgar um balanço dos primeiros 30 dias de funcionamento da Operação Verde Brasil, pela qual as Forças Armadas vêm ajudando no combate às queimadas na região. Anunciada em agosto, após a forte repercussão provocada pelo aumento dos focos de incêndio na floresta, a operação foi prorrogada até 24 de outubro pelo presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com balanço do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Cesipam), baseado nos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve 30.901 focos de calor no bioma Amazônia, em agosto deste ano, número que superou os 10.421 registrados em agosto do ano passado. Em setembro, porém, o total caiu, até agora, para 17.095, abaixo dos 24.803 de igual mês de 2018, e abaixo da média histórica de 33 mil focos.

“Principalmente de fora (do país), o que ouvíamos era que a Amazônia estava em chamas. Mas nossa operação mostrou que os números não estavam distantes da média. A floresta úmida está preservada”, disse o ministro. Segundo ele, a presença das Forças Armadas na região criou um efeito dissuasivo entre aqueles que cometem crimes na Amazônia Legal.

Madeira ilegal

No primeiro mês, a Operação Verde Brasil combateu 571 focos de incêndio por meio terrestre e 321 focos por meio aéreo, segundo o Ministério da Defesa. Mais de 20 mil metros cúbicos de madeira ilegal foram apreendidos e quatro madeireiras foram fechadas. Também foram capturados 28 veículos e 68 pessoas foram detidas. Foram aplicadas ainda 112 multas, no valor de R$ 36,4 milhões, a responsáveis por atividades ilegais de garimpo e extração de madeira.

No total, 8.170 agentes estão envolvidos na operação, entre servidores públicos, militares, integrantes de órgãos federais, estaduais e municipais. No evento, o ministro apresentou ainda o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), local onde são realizadas as atividades técnicas e operacionais do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).O Sipam produz imagens em alta resolução que mapeiam as alterações na cobertura florestal, com quaisquer condições meteorológicas, a partir de satélites.

De acordo com Gabriel Zacharias, chefe do Centro Especializado Prevfogo, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), os focos de calor podem resultar de desmatamentos autorizados ou de ações criminosas. Somente um processo de investigação e de perícia, com apoio de agentes de policiamento, pode identificar com precisão qual a característica, explicou. “A partir do relatório, conseguimos ver se foi ação criminosa ou se foi um descuido.”

Para Zacharias, o mais importante é evitar que a mata seja desmatada e queimada. “Não queremos multar, queremos evitar que derrube. É o mais importante, porque queremos evitar o dano. Precisamos nos ater ao trabalho que fizemos nesta operação, para que o esforço não se perca no período úmido”, acrescentou.

Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo