Título: Serviços encolhem com a renda
Autor: Mariana Carneiro e Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 04/04/2005, Economia & Negócios, p. A17

Setor fica para trás no crescimento da economia e perde participação no PIB

A análise da evolução dos setores econômicos nos últimos cinco anos revela que o segmento de serviços vem perdendo espaço na economia, em favor da indústria e da agropecuária. Em 2004, as riquezas produzidas no país originadas de atividades como comércio, transporte, educação e aluguel representavam 55,7% do Produto Interno Bruto (PIB), atestou o IBGE. Em 1999, o percentual era de 61%. O peso do setor agrário aumentou de 8,3% para 10,1% no período, e as fábricas foram de 35,6% para 38,9%. As atividades de transporte, com queda de 2,8% para 2,2% do PIB, e de aluguel de imóveis, com queda de 14,2% para 9,4%, foram os principais responsáveis pelo recuo dos serviços.

- Isso é conseqüência direta da queda da renda do brasileiro, que vem perdendo poder de compra há sete anos - avalia Alex Agostini, da GRC Visão. - Com menos renda, os preços dos aluguéis caem. E as transportadoras não são tão demandadas para atender o mercado interno - explica.

O rápido crescimento das vendas ao exterior permitiu que a agricultura se expandisse ano após ano, acumulando alta de 1,8 ponto percentual.

- A primeira fase do crescimento ocorre por meio do setor externo, portanto, é natural a expansão da área agropecuária e da indústria, em especial as voltadas para a exportação - avalia Guilherme Maia, da Tendências Consultoria.

Para ele, porém, os investimentos pavimentaram o caminho para uma forte expansão da indústria no futuro.

- Os investimentos vão puxar a indústria em 2005. Além disso, não se pode desprezar o resultado que vem se obtendo no campo externo. Os preços das commodities vêm se mantendo altos, o que vai provocar um equilíbrio entre a indústria e a agropecuária neste ano.

Os serviços, segundo Maia, ainda não deverão recuperar em 2005 os 5 pontos de peso no PIB perdidos desde 1999.

- Vai se recuperar, mas abaixo dos demais - acredita. A Tendências trabalha com uma estimativa de crescimento de 3,5% para o PIB em 2005. - Em última análise essa perda de participação afeta o emprego e a renda. Mas é preciso lembrar que os serviços só crescerão quando aumentar o consumo. A expansão do consumo precisa ser compatível com a produção. É importante que a indústria cresça antes.