Título: DF aplicará R$ 100 milhões no Entorno
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/04/2005, Brasília, p. D3

Objetivo é melhorar a qualidade de vida dos que vivem nas cidades vizinhas mas trabalham e demandam serviços na capital

Em maio do ano passado, o governador Joaquim Roriz reuniu seu secretariado e anunciou um programa audacioso - ainda que um tanto quanto teórico - visando à descentralização do desenvolvimento socioeconômico do DF e a organização estratégica de projetos vultosos do GDF, como a Cidade Digital, a usina hidrelétrica de Corumbá 4, a Estação de Tratamento de Melchior e o trem de velocidade alta que ligará Brasília a Goiânia. Estruturado a partir de 2003, início do quarto mandato de Roriz, o programa Brasília Rumo aos 50 foi criado para ser um marco na linha adotada pelo Palácio do Buriti com vistas à 2010, quando a capital da República completará meio século de vida. Neste contexto, a aplicação de recursos para o desenvolvimento do Entorno é um ponto-chave. Está previsto ao longo deste ano investimento de R$ 60 milhões na Ride - R$ 30 milhões para tratamento de esgoto em Águas Lindas e outros R$ 30 milhões em obras de infra-estrutura do município. Fora R$ 40 milhões em Corumbá 4. No ano passado, foram apenas R$ 25 milhões em infra-estrutura na região.

A aplicação de recursos do tesouro local na para além da fronteira do DF foi tema de discussão durante a semana passada na Câmara Legislativa, quando distritais da bancada oposicionista questionaram a aplicação de R$ 7 milhões do GDF na construção de uma pavimentação do trecho entre Luziânia e a usina de Corumbá 4.

- O dinheiro do brasiliense alocado em Goiás não é desperdício, mas garantia de qualidade de vida no futuro. Já que não podemos criar um muro de contenção de migrantes, nem exigir passaportes para controlar a entrada de pessoas de fora no DF, o governo deve sim estimular o desenvolvimento de economias alternativas ao centro - defende o secretário do Planejamento, Ricardo Penna.

Um ano e meio após o lançamento do programa, Penna, um dos idealizadores, acredita que o maior ganho observado durante este tempo foi a mudança de pensamento dentro do próprio governo, mirando o DF a médio e longo prazo. Ele ressalta que Corumbá 4 deverá garantir o abastecimento de água na capital pelos próximos 100 anos e de 15% da energia elétrica demandada, além da expectativa de se tornar um pólo turístico.

A preocupação com a chamada Região de Integrada de Desenvolvimento do DF e do Entorno (Ride) é explicada a partir dos dados apresentados pelo governo. De acordo com um Planejamento Estratégico do DF, publicado no início do ano, há localidades no Entorno (como Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Luziânia) em que mais de 50% dos moradores trabalham no DF. O levantamento feito em 2003 mostra ainda que 68% da população desta área procurou, naquele ano, atendimento hospitalar na rede pública da capital federal. Os municípios ao norte do quadrilátero, como Planaltina de Goiás, conhecido como Brazilinha, e Formosa, apresentaram os menores índices neste quesito. Ainda assim, não foram baixos: cerca de 20% procuraram assistência médica no DF.

Com esses números, o governo justifica a crescente destinação de recursos para os vizinhos de Goiás.

As próximas medidas, segundo Penna, serão o fortalecimento da Secretaria do Entorno e a elaboração de uma Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios no Entorno, prevista para começar daqui 15 dias.