Correio Braziliense, n. 20664, 20/12/2019. Política, p. 3

Hackers são indiciados pela PF


A Polícia Federal indiciou seis acusados de invadirem o celular do ministro da Justiça, Sérgio Moro, de procuradores da Lava-Jato, como o coordenador da força-tarefa da operação no Paraná, Deltan Dallagnol, e de outras autoridades. De acordo com fontes da PF, os envolvidos foram acusados de integrar organização criminosa, invasão de dispositivo informático alheio e interceptação de comunicação telemática ilegal. Durante o hackeamento, os suspeitos teriam extraído conversas do aplicativo Telegram, além de acessar a lista de contato dos aparelhos que foram alvo da investida.

Entre os indiciados está Walter Delgatti Neto, apontado pelas investigações como o mentor e líder dos ataques virtuais. Além dele, a PF acusa Thiago Eliezer Martins Santos, especialista em informática, acusado de operar o esquema de invasões a partir de Brasília; Luiz Molição, amigo de Delgatti em Ribeirão Preto (SP); Gustavo Henrique Elias Santos, ex-DJ, morador de Araraquara; Suelen Oliveira, namorada de Gustavo; e Danilo Marques, que teria entrado na organização a convite de Delgatti.

O inquérito tramita em segredo de Justiça. De acordo com fontes ligadas à PF, quatro acusados foram indiciados por integrar organização criminosa, invasão de dispositivo informático alheio e interceptação de comunicação telemática ilegal. Suelen foi indiciada por organização criminosa, mas os investigadores entendem que ela não participou da invasão aos celulares. Luiz Molição foi acusado de atuar na interceptação dos aparelhos, mas ele não foi indiciado por integrar o grupo criminoso.

Suelen e Molição estão soltos. Ela foi beneficiada com um habeas corpus emitido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Molição firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, e, por conta disso, foi autorizado a responder em liberdade. O conteúdo das conversas vazadas teria sido repassado ao site The Intercept, que publicou uma série de reportagens sobre a conduta de Moro e dos procuradores durante casos da Lava-Jato, inclusive em relação ao processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.