Título: 'Aluguel' de deputados sob apuração
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/02/2005, País, p. A4

Corregedor determina diligências para possível sindicância sobre locação de parlamentares pelo PMDB

BRASÍLIA - O corregedor da Câmara, deputado Luiz Piauhylino (PDT-PE), determinou ontem as primeiras diligências a fim de embasar uma eventual abertura de sindicância para apurar a chamada Operação Locadora, do PMDB. Depois de se reunir com sua assessoria jurídica, Piauhylino oficiou ao autor do pedido de investigação, deputado Wilson Santiago (PMDB-PB), um convite para que prestasse depoimento à Corregedoria. A equipe de reportagem do JB que noticiou matéria sobre o assunto também foi convidada a fornecer informações para ajudar no curso das apurações.

- Pela falta de provas, achamos prudente ainda não abrir sindicância. De qualquer forma, determinei diligências para buscar elementos para que possamos abrir uma investigação. Estamos cumprindo o que diz o regimento - disse Piauhylino.

Para dar apoio à sua decisão, o corregedor contou com a avaliação do corpo de advogados da segunda secretaria da Câmara, composto por 13 integrantes. O pedido de investigação, assinado pelo deputado Wilson Santiago (PMDB-PB), havia sido encaminhado na manhã de sexta-feira à Corregedoria pelo presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP).

A operação, que já filiou ao PMDB sete deputados ligados a Anthony Garotinho, visa a fazer maioria dentro da sigla para eleger o deputado Saraiva Felipe (MG), da ala oposicionista, líder do partido na Câmara no lugar de José Borba (PR), ligado ao Planalto, além de declarar apoio a Virgílio Guimarães (PT-MG), candidato à presidência da Câmara em oposição ao Planalto.

O movimento está sendo chamado internamente no partido de Operação Locadora porque, pelo acordo, os deputados filiados poderiam, se julgassem conveniente, retornar aos seus partidos de origem em 45 dias, depois da eventual eleição de Saraiva Felipe e Virgílio. Seriam apenas ''locados''.

O pedido de sindicância, articulado na última semana, foi uma reação do Planalto, com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à iniciativa de Garotinho, considerado hoje o inimigo número um do governo.

No fim da tarde de ontem, João Paulo Cunha, em reunião com os líderes na presidência, definiu os critérios para a eleição na Câmara com os partidos da base e da oposição. O acordo respeitará o princípio da proporcionalidade, abrindo espaço para todos os partidos na Mesa Diretora.

Ao mesmo tempo em que caberá ao PT a presidência, fica assegurada a primeira vice-presidência ao PFL, a segunda ao PP, a primeira secretaria ao PMDB, a segunda ao PTB, a terceira ao PSDB e a quarta ao PL. As suplências serão rateadas entre PT, PMDB, PPS e PSB. (S.P.)