Título: No Rio, Greenhalgh busca o apoio de Cesar
Autor: Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 02/02/2005, País, p. A5

Prefeito defende princípio da proporcionalidade na Câmara

O candidato oficial do PT à presidência da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), veio ao Rio ontem buscar o apoio do prefeito Cesar Maia. Na reunião no Palácio da Cidade, Cesar evitou críticas ao candidato de seu partido, José Carlos Aleluia (PFL-BA), mas afirmou que concorda com o princípio da proporcionalidade, segundo o qual a Mesa Diretora da Casa deve ficar com o PT, legenda de maior bancada.

O prefeito avaliou que a candidatura de Aleluia só surgiu em função do pretexto aberto pelo petista Virgílio Guimarães (MG), que se lançou mesmo após a sigla ter declarado apoio a Greenhalgh :

- As circunstâncias induziram candidaturas avulsas. O Aleluia é o nosso principal quadro no parlamento, então vamos estar ao lado dele, mas torcendo para que esses 12 dias sejam profícuos e que possamos dar um exemplo de unidade da Casa - argumentou Cesar após a reunião, que contou com outros seis correligionários do PT, entre eles o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (SP).

Mesmo que o PFL decida pela candidatura de Aleluia, segundo Cesar, ela será avulsa. Para Greenhalgh, qualquer decisão será respeitada pelo PT:

- Vamos respeitar a decisão do PFL, mas queremos uma Câmara representativa.

Sem descartar Aleluia, Cesar Maia ressaltou a importância de se preservar a regra de proporcionalidade e duvidou do poder de fogo do colega de sigla:

- Acredito que nenhum dos avulsos esteja imaginando que será competitivo o suficiente. A candidatura do Virgílio, em vez de se colocar em nome da Casa, passou a entrar num jogo político que não agrega, ao contrário, desintegra - avaliou.

As críticas à candidatura avulsa de Virgílio uniram ontem todas as tendências do PT em almoço com Greenhalgh, numa churrascaria carioca. Petistas de ideologias diferentes, como Chico Alencar (RJ) e Professor Luizinho (SP) se uniram para apoiar o candidato oficial do partido.

Os ataques mais duros vieram do próprio Greenhalgh, insinuando que Virgílio deveria ''pedir desculpas'' por ter se lançado. Sem citar o nome do opositor petista, o deputado disse que, ''no Parlamento, tudo se chama honrar acordo''. Afirmou que ''roer a corda'' e ''trair um acordo'' é ''o caminho mais curto para a desmoralização''.

No encontro com metade da bancada fluminense - 22 deputados e um suplente, do total de 46 deputados federais do Estado - o candidato se disse representante legítimo do PT.

- Não tenho que pedir desculpas de nada. Participei de um processo absolutamente legítimo. Quem tem de pedir desculpas e repensar a vida não é esta pessoa que está falando com vocês - provocou.

Greenhalgh desclassificou a candidatura de Virgílio e reconheceu como legítimo o concorrente avulso do PFL, José Carlos Aleluia. Segundo ele, uma bancada de oposição pode lançar uma candidatura avulsa, como o PT no passado já fez, mas não um membro da mesma bancada.

- Até para divergir e se rebelar, é preciso ter métodos e políticas explícitos - defendeu Chico Alencar.

Também sobraram críticas para o secretário estadual de Governo, Anthony Garotinho, que confirmou ontem a busca por apoio para a candidatura de Virgílio entre deputados do PMDB. Garotinho afirmou que o ''patrocinador'' da candidatura de Greenhalgh é o chefe da Casa Civil, José Dirceu, que teria feito intriga entre o governo federal e o Rio.

Professor Luizinho rebateu afirmando que Lula tem predileção pelo Estado, ''apesar de alguns molequinhos, que acham que podem atrapalhar o Rio.''

Em seu discurso, Greenhalgh mencionou a crítica de Garotinho, ressaltando o fato de que metade da bancada fluminense estava no almoço.

Com Folhapress