Título: Parcerias contra a devastação
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Jornal do Brasil, 02/02/2005, País, p. A6

ONG defende ação privada para conter destruição da Mata Atlântica e do Cerrado

As Parcerias Público Privadas (PPPs) podem ser uma alternativa para conter o avanço da devastação ambiental no Brasil. A idéia é defendida pela ONG Conservação Internacional (CI), principalmente para proteger Mata Atlântica e Cerrado, que continuam entre os chamados ''hotspots'', áreas mais ameaçadas do planeta.

A segunda edição do estudo sobre os hotspots de biodiversidade está sendo lançada hoje nos Estados Unidos. O novo livro identifica 34 regiões que têm pelo menos 1.500 espécies de plantas endêmicas - que só existem na região e em nenhuma outra parte - e já perderam 75% ou mais da vegetação original. Nove regiões foram somadas à primeira versão do estudo, de 1999.

Em alguns hotspots, a destruição atinge 90% da paisagem. É o caso da Mata Atlântica, da qual restam apenas 8%, e do Cerrado (22%).

- O Estado, sozinho, não tem recursos nem capacidade para massificar as iniciativas de preservação que estão dando certo. É preciso o apoio da área privada, principalmente dos proprietários - defende Mário Barroso, gerente da CI para o Cerrado.

A taxa de desmatamento vem sendo de 1,5% ao ano e há previsões de que o cerrado pode desaparecer até 2030. Um dos trabalhos de bom resultado nesta região vem sendo feito em parceria com a Bunge Alimentos, no sul de Goiás.

- Os proprietários estão sendo estimulados a adequar suas propriedades ao código florestal e fazer ações como demarcar áreas de preservação permanente, sem nenhum custo - diz.

O diretor da CI para a Mata Atlântica, Luiz Paulo Pinto, reforça o discurso. Já existem 450 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) nesse bioma, mas as áreas protegidas ainda são muito pequenas:

- É preciso um conjunto de ações contra a devastação: mais adesão dos proprietários, políticas públicas consistentes e participação de empresas, como do setor de papel e celulose.