Título: Eleições são marcadas para o fim do ano
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/02/2005, Internacional, p. A12

Presidente será escolhido em novembro, depois de pleito para prefeitos

PORTO PRÍNCIPE - O conselho eleitoral do governo interino do Haiti marcou as datas para as eleições no país, que há quase um ano sofreu uma rebelião que culminou com a renúncia do presidente Jean-Bertrand Aristide. A eleição local será em 9 de outubro e a presidencial e parlamentar em 13 de novembro. Se necessário, o segundo turno acontece em 18 de dezembro. O governo vai ratificar as datas ainda esta semana.

Pelo menos até junho, a ONU mantém no pobre país uma missão de estabilização, a Minustah, comandada pelo Brasil. São cerca de 6 mil soldados e mil civis que tentam conter casos de violência entre partidários de Aristide e forças de segurança do governo interino e da própria Minustah.

Segundo Rosemond Pradel, porta-voz da comissão eleitoral, a prioridade é estruturar o pleito de outubro, que vai eleger 129 prefeitos.

- Vamos fazer nosso melhor para cumprir prazos - garantiu.

Uma nova campanha de registro de eleitores começa em abril e vai durar pelo menos dois meses. O procedimento será refeito devido a denúncias de fraude: algumas pessoas tinham múltiplos cartões de voto. Autoridades estimam que 4 milhões de haitianos estarão aptos a ir às urnas - cerca de metade da população do Haiti.

Uma equipe da ONU viaja em breve para o Caribe, para ajudar na organização de ambas as eleições, orçadas em mais de US$ 38 milhões. ONU, Estados Unidos e Canadá contribuem com US$ 26,5 milhões. A União Européia envia os US$ 12 milhões restantes.

Até agora, 91 partidos políticos se registraram para participar do processo, 50 deles devem conseguir autorização do governo. Segundo a autoridade eleitoral da ONU para o Haiti, Gerardo Le Chevallier, estima-se que 100 candidatos vão concorrer à presidência.

O partido Lavalas, da família Aristide - que ainda comanda a insurgência contra o governo interino - se recusa a tomar parte na preparação eleitoral, exigindo que partidários do ex-presidente presos depois da renúncia sejam soltos.

Porta-voz do Lavalas e ex-deputado, James Desrosin condenou o que chama de ''repressão aos aliados do partido''.

- Como podemos falar de eleições quando muitos antigos membros do Lavalas continuam detidos, mesmo sem acusação formal? - indaga.

O primeiro-ministro interino Gerard Latortue nega estas acusações e diz que aliados de Aristide estão sendo investigados pelo Judiciário.