Correio Braziliense, n. 20634, 20/11/2019. Política, p. 6

A caminho da nova casa

Ingrid Soares


O presidente Jair Bolsonaro não está mais no PSL. Uma semana depois de ter confirmado a deputados da legenda a ruptura com o partido, e as estratégias para a criação do Aliança pelo Brasil, ele assinou, ontem, o pedido de desfiliação. É o primeiro passo para levantar, oficialmente, a bandeira da futura sigla, cuja primeira convenção será amanhã. O senador Flávio Bolsonaro (RJ), destituído da Executiva Nacional do PSL no mesmo dia, foi outro a anunciar a saída da sigla. A desfiliação do presidente foi assinada e encaminhada ainda ontem, como informaram os advogados de Bolsonaro, Karina Kufa e Admar Gonzaga. O adiamento da entrega da carta de desfiliação para esta semana ocorreu devido a questões “meramente burocráticas”. Karina garantiu que seu cliente está apto a assumir a presidência do Aliança e acumular com a Presidência da República. “Não tem nenhum impedimento legal.”

Há, contudo, a possibilidade de Bolsonaro não assumir o comando da nova legenda. O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, destacou que o presidente está disponível para “ajustar na construção dessa legenda em prol do povo brasileiro, e de um novo projeto político para o país”, mas ponderou que pode haver percalços. “Embora colocando-se à disposição, ele vê algumas dificuldades em levar adiante a direção de sua nova legenda, mas não descartou essa possibilidade.” O governo segura os detalhes do partido para a convenção, na qual Bolsonaro estará presente. Karina, aliás, desconversou sobre a hipótese de Flávio assumir o comando do Aliança. Ela ressaltou que as decisões serão anunciadas na solenidade de amanhã, quando serão escolhidos os membros da Executiva Nacional. Adiantou, contudo, que um grupo lidará com as questões do partido e que não se tratará de uma legenda de “um dono só” - numa crítica a Luciano Bivar, presidente do PSL. Além do diretório nacional, serão apresentados o estatuto e o programa partidário.