Título: Citi quer ser grande também no Brasil
Autor: Marcelo Kischinhevsky
Fonte: Jornal do Brasil, 02/02/2005, Economia & Negócios, p. A19

Instituição financeira americana prepara ofensiva no mercado nacional de crédito e mira no Unibanco

O recado foi dado pelo vice-presidente do Citigroup, Stanley Fischer, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Davos, na Suíça: depois de ensaiar sua entrada no varejo brasileiro durante décadas, a maior instituição financeira do planeta vai fincar definitivamente sua bandeira no país. Ontem, em mais um sinal de que a decisão é para valer, o presidente do grupo americano no Brasil, Gustavo Marin, afirmou à Bloomberg News que o Citi quer ser um ''grande banco de varejo'' e, para isso, planeja aquisições. No mercado, o Unibanco é apontado como principal alvo da estratégia de expansão. O banco da família Moreira Salles tomou uma série de medidas para melhorar o perfil de seu balanço, chamando a atenção dos investidores. Primeiro, há dois meses, liquidou o Banco1.net, seu braço virtual, que acumulava prejuízos. Em seguida, se desfez da participação na emissora de cartões Credicard, revendendo-a aos sócios - o Itaú e o próprio Citi. Esta semana, fechou emissão secundária de ações no valor de R$ 637 milhões, em operação que marcou a saída dos minoritários Commerzbank (alemão) e Mizuho (japonês) de seu capital.

Apesar de contar apenas com 45 agências no país, o Citi é o 12º no ranking nacional de ativos, com R$ 22,5 bilhões. Mais 30 serão abertas este ano, antecipou Gilberto Caldart, vice-presidente-executivo para o Brasil. O principal foco de expansão será a abertura de financeiras: a meta é quintuplicar, até 2008, o número de lojas voltadas às operações de crédito direto ao consumidor de baixa renda - hoje são apenas 28.

Mas o grande salto se daria por meio de uma aquisição de porte. O Unibanco surge como principal opção por ser a terceira maior instituição privada do país, com R$ 24,1 bilhões em ativos e 868 agências, atrás apenas de Bradesco e Itaú. Além disso, tem o trunfo de controlar a Fininvest, uma das maiores financeiras do país. Nos últimos anos, porém, perdeu a corrida pela aquisição de bancos de médio porte e já tem sua posição ameaçada por Real ABN Amro e Santander.