Título: Distritais, agora, brigam por comissões
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 02/02/2005, Brasília, p. D3
Na reabertura da Câmara Legislativa, parlamentares trocam de partidos e formam blocos de olho nos cargos importantes
A briga de forças pela conquista das comissões mais importantes da Casa incendiou a volta aos trabalhos na Câmara Legislativa ontem. Interessados em formar blocos políticos que assegurem maioria proporcional, a Frente Democrática e o PMDB desencadearam articulações políticas que resultaram em uma dança das cadeiras. Alegando insatisfação com o tratamento que vêm recebendo dentro da legenda, os deputados Leonardo Prudente, Wilson Lima e José Edmar anunciaram saída do PMDB. Ainda não definiram oficialmente onde devem se abrigar. Para tapar o buraco e evitar um desfalque que pudesse afetar as articulações para composição das comissões permanentes, o governador Joaquim Roriz renomeou Izalci Lucas (PFL) para a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico, cargo que ele deixou dezembro passado para disputar a presidência da Casa. Com isso, volta à Casa seu suplente, o peemedebista Aguinaldo de Jesus. O partido ganhou ainda duas filiações estratégicas, dos distritais Jorge Cauhy e João de Deus, que deixam PFL e PP respectivamente, atendendo pedido de Roriz. Com isso, a bancada perde três nomes mas ganha outros três, na seqüência.
As últimas divergências de Edmar com a colega Eurides Brito haviam prenunciado a saída do peemedebista, descontente com a legenda. Já o afastamento de Wilson Lima ficou mais evidente após a reunião da bancada, na semana passada, quando se desentendeu com o líder Pedro Passos.
O rompimento de Leonardo Prudente também era esperado. Passos conta que na semana passada o distrital condicionou sua permanência no partido à presidência da Comissão de Economia, Orçamento e Finança (Ceof), o que, segundo o líder, não tinha como ser assegurado.
Prudente, no entanto, alega que não houve discussão no partido sobre os cargos nas comissões, e que sua saída do partido - ao qual foi filiado por quase 20 anos - deu-se por ''divergências políticas''.
- Estava me sentindo à margem das discussões, no grupo da periferia - justificou.
Ontem, a bancada do PMDB na Câmara, além do deputado federal Tadeu Filippelli, passaram o dia na residência oficial, em Águas Claras, traçando estratégias, de onde apenas saíram rapidamente para a sessão solene na Casa.
Para o líder da legenda na Casa, deputado Pedro Passos, essa foi a inauguração de uma ''nova fase'' na relação do GDF com seus distritais. Desde sexta-feira ele vinha tentado marcar um encontro da bancada com o governador.
Para não ver sua bancada acuada, Roriz foi obrigado a intervir explicitamente na disputa. Peemedebistas consideram que a discussão sobre a sucessão ao Buriti foi antecipada, e o compromisso do governador com a base era ''tudo o que se esperava''.
Além das articulações, os distritais discutiram com o governador novas acomodações aos aliados dentro da estrutura do governo. Ventilou-se a possibilidade de nomear o deputado Benício Tavares (PMDB), acusado de envolvimento sexual com adolescentes, para a Secretaria de Transportes. O deputado deve dar uma resposta ao GDF nos próximos dias.