Correio Braziliense, n. 20632, 18/11/2019. Economia, p. 7

Otimismo no setor de franquias

Cristiane Noberto


Responsável por 2,6% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB), o setor de franquias nacional teve um crescimento de 6,1% no primeiro semestre deste ano. Mesmo com as dificuldades na economia brasileira, o faturamento continuou em alta nos meses seguintes, passando de R$ 47 bilhões entre julho e setembro, o que anima o segmento para as vendas de fim de ano. Após uma oscilação nos últimos dois anos, o setor se solidificou em 2019 e cresceu em todas as esferas. O estudo Desempenho do Franchising Brasileiro, divulgado recentemente pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), revelou que os 11 segmentos listados pela entidade tiveram um desempenho positivo neste ano. No acumulado de 12 meses até outubro, o setor arrecadou cerca de R$ 182 bilhões, um aumento de 6,8% em relação a 2018, que foi de 6,3% no mesmo período.

Os setores que tiveram maior destaque foram de Casa e Construção (9,1%), Moda (8,6%), Comunicação, Informática e Eletrônicos (8,3%), Hotelaria e turismo (7,2%). Além disso, O franchising é um dos setores que menos fecha lojas. Segundo o estudo, o índice de abertura de lojas no terceiro trimestre foi de 4,3%, contra o fechamento em 1,4%. O levantamento da ABF aponta a criação de 1,342 milhão de postos de trabalho formais neste trimestre, uma alta de 4%. No fim do ano passado, 56 milhões de pessoas estavam empregadas graças ao setor de franquias.

O franchising compõe uma gama variada de negócios. É possível encontrar até unidades móveis e com investimentos de R$ 400. Para especialistas, este é um modelo que abraça dois tipos de empreendedores: quem tem vontade de investir nas próprias ideias e se tornar um franqueador; ou quem prefere investimentos de baixo risco, com marcas mais consolidadas. Segundo especialistas, o segmento mais crescente é o de alimentação, mas serviços de estética e ensino de idiomas também estão em alta.

Denis Santini, autor do livro Marketing para franquias, avalia que o franchising está mais democrático por conta da diversidade que o mercado oferece. “A franquia é uma opção para iniciar a vida empreendedora. Nas microfranquias, por exemplo, os jovens interessados em empreender e sem experiência profissional podem contar com os processos e aprendizados dos franqueadores o que é incrível. Serviços para a geração prateada (nova nomenclatura para 60+) também começam a ocupar um espaço relevante”, explica Santini.

Fábio Spina, diretor de Operações da Casa do Construtor, primeira franquia brasileira especializada na locação de máquinas e equipamentos de pequeno porte para a construção civil, atribui a melhoria no segmento de construção momento da economia brasileira. Segundo ele, a conjuntura desafiadora levou o público a dar mais valor para o conforto do que ao gasto com supérfluos. Spina explica que em 2019 houve um aumento de 24% das vendas e a maioria (60%) da clientela são pessoas físicas. “São donos e donas de casa que estão realizando pequenas reformas, adequações e manutenções em suas residências, já que temos muitos equipamentos de pequeno porte. Ou seja: quem não troca de casa faz melhorias”, aponta.

No segmento de vestuário, o segundo com maior alta, a razão para o crescimento é a procura do consumidor por marcas que “estejam cada vez mais preocupadas em democratizar a moda de forma a aliar qualidade e durabilidade com preço justo”, segundo o diretor de expansão do Grupo Hope, Elton Deretti. Ele também destaca a aproximação das marcas com os clientes, por meio de lojas on-line, pontos de vendas diferentes dos shoppings a fim de facilitar o acesso aos produtos e proporcionar uma nova experiência de consumo.

Segundo a ABF, a inflação baixa encoraja as pessoas a consumirem mais. “Com as taxas e juros em queda, as pessoas estão dispostas a consumir um pouco mais. É isso que pode fazer o crescimento”, aponta Maia. O estudo de desempenho do franchising também revela a expectativa de fechar o ano em 7%. “Mas pode ser que cheguemos a 8%”, estima André Friedheim, presidente da ABF. Ele acrescenta que a melhora do quadro econômico geral e, principalmente, as reformas estruturantes, serão os fatores decisivos para a acelerar o crescimento do franchising. Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza.