Correio Braziliense, n. 20656, 12/12/2019. Mundo, p. 15
Terceira eleição em um ano
Pela primeira vez na história, Israel realizará a terceira eleição em menos de um ano. A Knesset (Parlamento) se dissolveu após fracassar na formação de um novo governo dentro do prazo previsto — até as 23h59 de ontem (18h59 em Brasília). Até o fechamento desta edição, os parlamentares debatiam um projeto de lei que prevê, entre outras modalidades, a realização de eleições em 2 de março de 2020.
De acordo com o jornal The Jerusalem Post, não houve praticamente nenhuma negociação entre os parlamentares para designar o próximo primeiro-ministro. A Knesset teve 21 dias para escolher um líder capaz de nomear um gabinete, mas esbarrou na troca de acusações entre os simpatizantes do atual premiê, Benjamin Netanyahu, e de seu principal adversário nas últimas eleições, Benny Gantz.
Problemas judiciais estão no centro da disputa política. Há 13 anos no poder, Netanyahu foi acusado no fim do mês passado por crimes de corrupção, quebra de confiança e negligência em uma série de casos. Algumas pessoas do seu círculo, inclusive seu advogado, também devem ser indiciadas por lavagem de dinheiro, pela compra de submarinos da empresa alemã ThyssenKrupp.
O premiê, que permanece interinamente no cargo enquanto a crise política não se desfaz, deseja liderar um eventual governo de unidade, na esperança de obter imunidade judicial. Benny Gantz se recusou a fazer tal concessão, estimando que o rival deve resolver seus problemas antes de assumir o cargo de primeiro-ministro para um novo mandato. E assim, a crise política se manteve.
Empate
Com o impasse dado como certo, recentes pesquisas, divulgadas pelo canal Kan, traçam o cenário para a próxima votação, colocando o Likud de Netanyahu e a formação de Kahol Lavan (Azul-Branco, as cores da bandeira) de Gantz empatados.
Netanyahu é próximo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que reconheceu a soberania israelense sobre as Colinas de Golã e Jerusalém como a capital de Israel, além de ter, recentemente, determinado que os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada não eram contrários ao direito internacional.
Daí a declaração do primeiro-ministro de Israel de que ele é o único, graças a suas relações com o governo Trump, capaz de avançar nessas questões delicadas.
Por sua vez, o partido de Benny Gantz endossou de alguma forma a futura candidatura do ex-militar ao cargo de primeiro-ministro. O estatuto interno do movimento prevê uma alternância com seu parceiro Yair Lapid nas eleições. Mas Lapid disse na segunda-feira que deixaria tudo para Gantz.